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Estratégia aumenta isolamento de Bush
Novo plano para o Iraque, que prevê aumento de tropas, é recebido com resistência da opinião pública, da oposição e de aliados
Secretário da Defesa diz que não há prazo para a retirada americana e propõe ampliar
Exército; maioria é contra a
estratégia, dizem pesquisas
ORIGEM
A decisão do presidente
George W. Bush de enviar mais
soldados ao Iraque, desafiando
o repúdio da opinião pública,
da oposição democrata e até de
aliados no Partido Republicano
e de integrantes da cúpula militar, aumentou o risco de isolamento da Casa Branca.
Ontem, enquanto o governo
defendia a nova estratégia para
o Iraque, anunciada na noite de
quarta-feira pelo presidente,
crescia o movimento contrário
a aprofundar o envolvimento
em uma guerra que já matou
mais de 3.000 americanos.
Além da resistência ao envio
de mais soldados ao Iraque, o
plano de Bush gerou preocupação com a sugestão de uso da
força contra Irã e Síria e ceticismo em relação à meta de transferir a segurança de todas as 18
Províncias do país para as forças iraquianas até novembro.
Duas pesquisas feitas após o
anúncio de Bush confirmaram
a impopularidade do plano entre os americanos. Na sondagem da TV ABC e do jornal
"Washington Post", 61% dos
entrevistados disseram ser
contra o envio de mais tropas. A
oposição atingiu 71% na pesquisa Associated Press-Ipsos.
A secretária de Estado Condoleeza Rice teve uma amostra
do campo minado político que
a Casa Branca terá pela frente
nos próximos meses, diante de
índices de popularidade em
queda e de um Congresso dominado por uma oposição democrata hostil.
"O momento é de dever nacional para não fracassarmos
no Iraque", disse a secretária,
que em vez de despertar sentimentos patriotas, produziu um
raro momento de consenso bipartidário contra a nova estratégia. O presidente da Comissão de Relações Exteriores do
Senado, Joe Biden, classificou o
plano como "um erro trágico".
O líder da oposição no Senado,
Harry Reid, advertiu para a dura caminhada que Bush terá até
o fim de seu mandato, em 2008.
"Ao optar pela escalada da
guerra, o presidente fica virtualmente só", disse.
Fogo amigo
Do partido do presidente
também partiram ataques contundentes. "O discurso de ontem [quarta-feira] deste presidente representa o erro mais
perigoso de política externa
neste país desde o Vietnã", disse o senador Chuck Hagel.
Rice foi acompanhada na
ofensiva de relações públicas
da Casa Branca pelo secretário
da Defesa, Robert Gates, que foi
realista ao falar sobre o tempo
de duração dessa ampliação da
missão americana no Iraque.
"Não acredito que alguém tenha uma idéia definitiva de
quanto tempo o "impulso" irá
durar", disse Gates à Comissão
de Serviços Armados da Câmara, usando o termo inglês "surge" em referência ao aumento
de tropas. "A maioria de nós está pensando em uma questão
de meses, não 18 meses ou dois
anos." Dezoito meses foi o prazo mínimo sugerido pelo estudo de uma instituição conservadora de Washington que inspirou a nova estratégia de Bush.
Gates disse que as tropas extras serão posicionadas no Iraque em fases, e sugeriu que o
envio será suspenso se o governo iraquiano não cumprir as
metas impostas pelos EUA. Entre elas estão o reforço da segurança em Bagdá, o combate à
violência sem distinção religiosa e o controle das 18 Províncias do país até novembro.
Prevendo uma "longa guerra
ao terror", Gates recomendou
ao presidente Bush adicionar
92 mil soldados ao efetivo permanente das Forças Armadas.
Diante da enxurrada de críticas, Bush recebeu o apoio previsível do veterano do Vietnã e
senador republicano John
McCain, um dos maiores defensores do aumento de tropas.
"Não garanto vitória nem sucesso com essa nova estratégia", disse um cauteloso
McCain, antes de repetir o alerta feito por Bush: "Se fracassarmos, haverá caos na região".
Harry Reid disse que espera
ter votos suficientes, com o
apoio de legisladores republicanos, para aprovar uma resolução na Câmara contra o envio
de tropas. A iniciativa não teria
força para bloquear a nova estratégia, já que o presidente
tem o poder constitucional para levá-la adiante. Mas uma
condenação bipartidária serviria para aumentar o isolamento
de Bush.
Com agências internacionais
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