São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2000


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INTERNET NA MIRA
Computadores de universidades foram usados para ataques contra endereços famosos da rede
EUA rastreiam origem de ataques

Associated Press
A secretária Janet Reno


MALU GASPAR
de Nova York

Computadores superpotentes como os utilizados em universidades e empresas teriam sido as "plataformas de lançamento" usadas pelos hackers (piratas de computador) durante os ataques que vitimaram os sites mais populares dos EUA nesta semana.
Essa é a principal suspeita do FBI, a polícia federal dos EUA, e de outros órgãos que participam da investigação sobre a sabotagem. Os investigadores afirmam que a quantidade de informação que foi lançada contra sites como Yahoo ou a Amazon era muito grande para a capacidade de computadores domésticos.
Até às 19h de ontem (horário de Brasília), a informação mais concreta sobre as investigações dizia respeito ao ataque ao site da CNN. A própria rede de TV informou que o FBI identificou computadores da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, outros computadores na Califórnia e também no Oregon (Costa Oeste) como as origens dos e-mails que impediram os sites de operar.
Isso não significa necessariamente que os responsáveis pelos ataques estão nos locais de onde as mensagens partiram.
Citando uma autoridade do FBI que não foi identificada, a CNN afirmou que os ataques estão ligados a programas apelidados de "demônios", descobertos pelo governo dos EUA durante os preparativos para o bug do ano 2000, falha que poderia ter parado os computadores na virada do ano.
O programa é alojado em computadores de terceiros sem que eles percebam e pode ser acionado depois de qualquer lugar do mundo para um ataque a um alvo específico. O Pentágono, o comando militar dos EUA, consumiu US$ 3,6 bilhões e mais de 18 meses nesses preparativos. Agora, está checando novamente todas as suas máquinas.
As sabotagens começaram na segunda-feira pelo Yahoo, o mais popular da Internet (465 milhões de consultas diárias). Uma quantidade gigantesca de informações inundou o site, que ficou três horas fora do ar. As próximas vítimas foram as lojas Amazon e Buy.com, a casa de leilões virtuais eBay, a página da rede de TV dos EUA CNN, especializada em notícias, a de informações sobre tecnologia ZDNet e as financeiras E-Trade e Datek (de compra e venda de ações pelo computador).
Ontem, o site de busca Excite.com assumiu ter sido atacado na noite de quarta-feira passada e ficado fora do ar por cerca de uma hora.
Nesse tipo de ataque, a técnica usada é a chamada recusa de serviço ("denial of service"). Ela não rouba informações, mas bombardeia as páginas com uma quantidade tão grande de dados que o acesso a elas é bloqueado.
As investigações estão sendo feitas separadamente para cada página, mas o próprio FBI afirma que precisa de mais recursos e mais especialistas para o trabalho. Como os programas usados pelos piratas (hackers) são muito sofisticados e muito difíceis de rastrear, há inclusive a possibilidade de os culpados nunca serem descobertos. Nos EUA, o crime pode causar até cinco anos de prisão para a primeira acusação e até dez anos para reincidentes.
Na quarta-feira, a secretária de Justiça dos EUA, Janet Reno, afirmou que o governo pediu ao Congresso uma verba extra de US$ 37 milhões para melhorar a segurança na Internet. O orçamento atual é de US$ 100 milhões.
O governo convocou ainda, para a semana que vem, uma conferência com o presidente Bill Clinton, secretários de Estado e cerca de 20 executivos de empresas de tecnologia, para a elaboração de um plano de reação aos ataques.
O FBI está oferecendo pelo seu site um programa de prevenção aos ataques pela Internet, que pode ser baixado no endereço www.fbi.gov/nipc/trinoo.htm.


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