São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004

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Orgulho e soldo movem policiais iraquianos

DA REUTERS

O contracheque no fim do mês em tempos de desemprego e a vontade de ver o país reassumir sua soberania após a deposição de Saddam Hussein são os maiores incentivos para os iraquianos que continuam a se alistar nas fileiras da polícia e do Exército, apesar dos ataques que deixaram cem mortos entre anteontem e ontem.
"Os ânimos estão bons", diz o policial Hamid Jasim, parte do contingente de 150 mil a 210 mil iraquianos atraídos para os postos de trabalho mais perigosos do país. "Sabemos que essas coisas são iminentes, mas estamos bem preparados e Deus nos protege."
Jasim e seu parceiro Hamid Yusef Kadhim, que já eram policiais antes da invasão do Iraque, em março, acham que se manter altivo diante de tais ataques é o único modo de melhorar o país. "Esses agressores não querem que os iraquianos sejam felizes", diz.
O profundo orgulho nacional e a expectativa de acabar com a ocupação americana servem de incentivo para muitos.
"Se os iraquianos não entram para a polícia ou para o Exército, é como se disséssemos aos americanos para ficar aqui para sempre", diz Haitham Imad, um recruta de 29 anos que sobreviveu ao atentado de ontem.
Imad, que servia o Exército de Saddam, e milhares de outros como ele são uma parte crucial do plano americano para entregar o poder aos iraquianos em 30 de junho. Os EUA dizem ter gastado mais de US$ 3 bilhões para treinar e equipar os homens que protegerão o país após a transição.
Outro bom motivo é o salário relativamente generoso diante da sombria economia pós-guerra, na qual os empregos são escassos e alimentar a família é tarefa árdua.
Um segurança de uma empresa privada na porta do centro de convenções da Autoridade Provisória da Coalizão diz não ter alternativa ao posto. "Há muitas explosões aqui, mas isso é normal."
Para Maan Hatam Mohammed, da força que protege a infra-estrutura, esse é o melhor modo de ganhar a vida. "Não temos medo, mas temos de ter cuidado e nos prepararmos para qualquer coisa", diz, agarrando seu AK-47.


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