São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

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Ataques do Taleban matam 20 em Cabul

Atentados, que se assemelham aos executados em Mumbai, atingem instalações do governo em área considerada segura

Ação visa ministérios nas proximidades do palácio presidencial, na véspera de visita oficial do enviado especial de Obama à cidade

DA REDAÇÃO

Ao menos 20 pessoas morreram em três ataques simultâneos a prédios do governo em Cabul ontem. A ação, que ilustra o aumento da violência no país ao atingir uma área tida como relativamente segura, visou dois ministérios próximos do palácio presidencial e outro alvo ao norte da capital afegã, deixando ao menos 57 feridos.
Os ataques, executados por oito homens-bomba e reivindicados pelo Taleban, aconteceram na véspera da visita do enviado do governo Barack Obama ao Paquistão e ao Afeganistão, Richard Holbrooke.
A ação também coloca em questão a segurança da capital. A despeito de mais de 150 atentados terem acontecido em 2008 no país, ataques a Cabul, onde a segurança é especialmente reforçada por tropas da Otan (aliança militar ocidental) e do governo afegão, são raros.
"O inimigo ainda tem capacidade de levar armas e explosivos para dentro de Cabul, o que é uma grande causa de preocupação", disse o ministro do Interior, Mohamad Atmar.
Ao assumir a responsabilidade pelos ataques, o Taleban afirmou ter outros homens-bomba na capital afegã.

EUA
Os atentados foram debatidos no Pentágono e qualificados por seu porta-voz de "óbvio" ato terrorista. Mas ele disse não ter informações conclusivas para atribuir a autoria ao grupo radical que comandou o Afeganistão até ser varrido do poder pelos EUA e seus aliados no final de 2001.
A Casa Branca qualificou o episódio de "táticas brutais" e disse que ele reforça a determinação de Obama de praticamente dobrar (para cerca de 60 mil) o contingente militar dos EUA no país, apontado pelo novo presidente como o foco de sua investida contra o terror.
Amerulah Saleh, chefe do serviço secreto afegão, disse que, antes dos ataques, os terroristas "enviaram três mensagens" ao Paquistão, onde supõe ter sido planejada a ação.
Ele não detalhou a natureza dos contatos, mas afirmou: "Tínhamos a informação, mas não podíamos usá-la, era de caráter genérico e sugeria que aconteceria um ataque espetacular em Cabul, com vários suicidas".
Os atentados múltiplos tiveram um modus operandi similar aos ataques à cidade indiana de Mumbai em novembro último, em que os terroristas aparentemente tentavam matar o maior número de pessoas antes de morrerem. Também naquele caso, o Paquistão é suspeito de envolvimento.
Segundo o Ministério do Interior, o primeiro alvo foi o Ministério da Educação, onde um terrorista foi morto ao tentar invadir o prédio. Depois, cinco militantes visaram o Ministério da Justiça. Um foi morto ao entrar, mas seus companheiros ganharam acesso ao prédio, onde mataram dez civis antes de serem baleados pela polícia.
Enquanto isso, no norte da cidade, dois terroristas tentaram invadir um prédio do Departamento Carcerário. Um conseguiu acionar os explosivos dentro da instalação. Segundo o ministério, os oito terroristas tinham fuzis automáticos e coletes com explosivos.

Com agências internacionais


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