São Paulo, quinta, 12 de fevereiro de 1998

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ESCÂNDALO
Agente aposentado afirma que presidente e ex-estagiária ficaram 40 minutos sozinhos na Casa Branca
Clinton teria ficado a sós com Lewinsky

Reuters
Alex Bustillo posa com modelos de Clinton e Monica Lewinsky, no corpo de Marilyn Monroe, em frente a corte de Maryland que analisa o caso. Ele tira fotos de turistas no local


CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington

Um agente aposentado do Serviço Secreto afirma que Monica Lewinsky passou pelo menos 40 minutos a sós com o presidente dos EUA, Bill Clinton, no escritório dele, num sábado no fim de 1995.
Lewis Fox, que deixou o Serviço Secreto em janeiro de 1997 após 27 anos de serviço, é a primeira pessoa a dizer em público que Clinton e Lewinsky ficaram juntos a sós.
Acredita-se que o presidente tenha dito, em testemunho juramentado na ação que Paula Jones move contra ele por assédio sexual, não ter lembranças de jamais ter ficado a sós com Lewinsky.
Fox afirma que não sabe o que Clinton e Lewinsky fizeram no Salão Oval da Casa Branca. Segundo ele, foi o presidente em pessoa que o autorizou a deixar Lewinsky entrar em seu escritório. Fox diz que viu Lewinsky diversas vezes em fins-de-semana na Casa Branca.
Porta-vozes do presidente Clinton se negaram a confirmar ou desmentir a afirmação de Fox.
O promotor independente Kenneth Starr e um júri de inquérito investigam se Clinton pode ser acusado de falso testemunho e obstrução da Justiça no caso.
A mãe de Lewinsky, Marcia Lewis, continuou testemunhando ontem, pelo segundo dia, diante do júri de inquérito e deverá prosseguir hoje. O depoimento da própria Lewinsky, previsto para hoje, foi adiado para semana que vem.
Lewinsky, 24, era estagiária na Casa Branca, sede do governo federal, quando, de acordo com conversas gravadas por uma amiga, iniciou uma relação sexual de 18 meses com Clinton. Segundo elas, o primeiro encontro sexual aconteceu em novembro de 1995.
Hillary
Após duas semanas de silêncio, a primeira-dama Hillary Clinton voltou a falar ontem sobre o caso. Ela disse que, com o tempo, o assunto vai "se dissipar pela sua própria fragilidade". Hillary assumiu a coordenação da defesa do marido quatro dias depois que o caso explodiu nos meios de comunicação. Depois disso, o presidente parou de falar sobre o tema.
A juíza do caso Paula Jones resolveu manter a data de 27 de maio para o início dos trabalhos diante do júri que decidirá se Clinton, quando governador de Arkansas (sul dos EUA), assediou sexualmente a então funcionária pública estadual. Jones afirma que teve sua carreira prejudicada por ter se recusado a fazer sexo oral com ele.
Os advogados de Jones tentam demonstrar que Clinton tem como padrão de comportamento solicitar sexo de subordinadas suas, recompensando-as ou punindo-as conforme sua resposta. Foi por isso que o nome de Lewinsky (e outras) apareceu no processo.
Clinton, por ser presidente, teve o privilégio de depor no caso Jones por meio de vídeo, gravado no dia 17 de janeiro em Washington. Foi nesse depoimento que ele negou ter feito sexo com Lewinsky.



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