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PARAGUAI
Presidente paraguaio, no Brasil, afirma estar disposto a aceitar eventual decisão do Congresso que o afaste do cargo
Cubas diz que acataria impeachment
AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília
O presidente do Paraguai, Raúl
Cubas Grau, afirmou ontem que
aceitará uma eventual decisão do
Congresso de destituí-lo do cargo.
"O julgamento político é uma figura que está consagrada na Constituição nacional. Se o Congresso,
de acordo com a Constituição,
aprovar a destituição do presidente, vocês podem estar seguros de
que no dia seguinte eu estarei em
minha casa", afirmou Cubas.
Ele esteve ontem no Palácio da
Alvorada, onde discutiu com o
presidente Fernando Henrique
Cardoso os efeitos da crise econômica brasileira no Mercosul.
O Congresso paraguaio começou
a discutir a abertura de um julgamento político de Cubas. O presidente, que voltou ontem mesmo a
Assunção, se nega a cumprir decisão judicial e prender o general
golpista Lino Oviedo.
Em agosto do ano passado, ao assumir a Presidência, Cubas indultou Oviedo, preso por tentativa de
golpe realizada em 1996. O atual
presidente era vice da chapa do general, que se tornou inelegível após
a condenação, em 1998.
Em entrevista no Alvorada, Cubas classificou como boatos os rumores de que poderia haver um
golpe no Paraguai. Anteontem, a
própria chancelaria paraguaia divulgou nota afirmando temer um
"golpe parlamentar" durante a
viagem do presidente ao Brasil.
"Boatos existem em todo o mundo. Cada um diz aquilo que acha
melhor. Estamos confiantes de que
a democracia no Paraguai está firme e vai continuar", disse Cubas.
Com ironia, ele afirmou que, até
o momento em que saiu do Paraguai, Oviedo continuava livre.
Os partidários do juízo político
monopolizaram ontem os microfones do Congresso paraguaio,
reunido em sessão única.
Os parlamentares aprovaram
uma declaração de apoio à Suprema Corte e recomendaram à Câmara dos Deputados que dê início
ao julgamento político de Cubas. O
início do julgamento tem de ser
aprovado por dois terços dos deputados presentes, e a sessão não
tem data marcada.
Segundo o deputado Angel Barchini, os congressistas estavam ali
para "tentar julgar, mediante um
juízo político, o mau desempenho
do presidente, que desacatou a
Corte e, portanto, não respeitou a
lei". Barchini é do mesmo partido
de Cubas, o Colorado, mas de uma
ala que se opõe ao presidente.
Os opositores do presidente, porém, vão precisar de dois terços
dos votos na Câmara e no Senado
para afastar o presidente. A oposição, somada a dissidentes do Partido Colorado, não tem a maioria
necessária para afastar Cubas.
Ontem, questionado sobre por
que não cumpre a decisão judicial,
Cubas desconversou. "Isso é um
problema muito complicado que
demoraria horas para explicar."
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