JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Reconhecido como braço político do ETA, o Partido Batasuna, na ilegalidade, rechaçou a possibilidade de o grupo terrorista ter cometido os atentados em Madri.
"Deixemos algo muito claro: não contemplamos, nem como mera hipótese, a possibilidade de que tenha sido o ETA. Nem hoje, nem amanhã, nem daqui a seis meses", disse à Folha Juan José Petrikorena, 39, um dos cinco membros da mesa diretora do Batasuna, em entrevista desde San Sebastián. "Pelo modus operandi e pelos objetivos não se pode estabelecer nenhuma relação do ETA com esse atentado."
O dirigente afirmou que o Batasuna repudia "qualquer violência contra a população civil" e externou "solidariedade às famílias das vítimas". Sobre a influência do atentado nas eleições de domingo, Petrikorena argumentou que "o partido do governo [o Partido Popular, de centro-direita] tentará capitalizar isso ao máximo". Uma vitória do PP tende a significar maior repressão aos radicais bascos.
Julen de Madariaga, fundador do ETA disse a uma rede de TV basca que os atentados não foram obra do grupo. "Não é o método de trabalho do ETA."
O Batasuna (Unidade, em basco) foi banido em agosto de 2002 pela Justiça e pelo Parlamento espanhol, sob a acusação de financiar e assessorar o ETA. Quando do ingresso na ilegalidade, o partido tinha cerca de 900 vereadores e 15 deputados nos Parlamentos dos País Basco e de Navarra. Nas eleições parlamentares bascas de 2001, obteve 143 mil votos ou 10% do total. O PNV (Partido Nacionalista Basco), moderado, governa o País Basco em coalizão com o Eusko Alkartasuna (unidade do País Basco).
Favorecida no regime franquista nos anos 70, o País Basco é uma das regiões mais ricas da Espanha. Possui governo e Parlamento próprios. O que une os bascos é a língua, chamada euskera. Cerca de 22,4% dos bascos falam o euskera fluentemente- 40% dos habitantes da região têm bom conhecimento do idioma.