São Paulo, quinta-feira, 12 de março de 2009

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Jovem assassina 15 pessoas e depois se mata na Alemanha

Proveniente de uma família de classe média, atirador, que tinha 17 anos, começou massacre pela escola onde estudara

Conhecidos descrevem Tim Kretschmer como garoto "normal", aficionado por armas e por tênis-de-mesa; motivação ainda é incógnita

Fabrizio Bensch/Reuters
Policiais e paramédicos se posicionam no perímetro da escola secundária que foi palco do assassinato de 12 pessoas na manhã de ontem no sudoeste da Alemanha

DA REDAÇÃO

Vestido em trajes militares pretos, um jovem de classe média de 17 anos de idade matou ontem 15 pessoas no sudoeste da Alemanha, num ataque encerrado com seu suicídio, segundo fontes policiais.
O atirador, Tim Kretschmer, iniciou o ataque na escola secundária em que estudara, em Winnenden, cidade de 27 mil habitantes perto de Stuttgart.
Pela manhã, ele entrou no colégio Albertville e abriu fogo com uma pistola Beretta 9 milímetros. Para as autoridades, o jovem aparentemente visou alvos femininos -com a maioria dos tiros na cabeça, matou oito alunas, três professoras e um aluno antes de fugir. Em frente à escola, matou outra pessoa.
As autoridades mobilizaram mais de mil homens e um helicóptero na busca por Kretschmer. Cerca de meia hora depois do tiroteio na escola, policiais realizaram uma revista na casa do atirador, onde constataram que uma das 16 armas da coleção de seu pai estava faltando, bem como munição -tudo adquirido conforme a lei.
O paradeiro de Kretschmer só foi identificado pelas autoridades por volta de 12h. Ele havia sequestrado um carro e obrigado seu condutor a atravessar um bloqueio policial na localidade de Wendlingen, cerca de 30 km distante da escola.
O veículo saiu da pista, e o atirador fugiu a pé. Ele buscou refúgio em uma revenda de veículos, onde matou mais duas pessoas. O local então foi cercado pela polícia e houve tiroteio, que acabou quando Kretschmer atirou contra si próprio.

Interesse por armas
Segundo relatos de ex-colegas, Kretschmer não apresentava características inusitadas. Tinha interesse em tênis-de-mesa e demonstrava profundo conhecimento de armamentos. Um amigo, que falou sob condição de anonimato, narrou que o jovem disparava armas de fogo diariamente em um bosque e que eles haviam realizado duelos com munição de borracha.
"Nada que ele fizera levaria a concluir que o rapaz encarava o futuro com temor", declarou Heribert Rech, ministro do Interior do Estado de Baden-Württenberg. O chefe da polícia da circunscrição, Erwin Hetger, acrescentou que nada que se sabia do comportamento recente de Kretschmer poderia ser interpretado como prenúncio do massacre: "Os fatos ainda são inexplicáveis".
Eckehard Weiss, que treinou o atirador em tênis-de-mesa durante três anos e meio, contou que ele "se vestia como um garoto normal e tinha bom relacionamento com seus colegas de equipe".
"Ele era um menino normal, não agressivo. Às vezes, era bem arrogante, mas, como era um dos melhores jogadores, isso era compreensível", disse ele à BBC, enfatizando que Kretschmer encarava o esporte com seriedade -aos 11 anos falou que queria ser profissional- e costumava receber companheiros para treinarem na mesa que tinha em casa.
Colegas relataram também que ele costumava se gabar do patrimônio da família.

Legislação
A exemplo do protagonista de uma ação similar numa escola em Erfurt (no leste alemão) em 2002, Kretschmer tinha acesso a armas em casa.
Na ocasião, o limite mínimo para comprar armas saltou de 18 para 21 anos de idade na Alemanha e houve banimento de alguns tipos de espingardas e de facas.
A União Europeia já determinou a harmonização das leis dos 27 membros até 2010, para garantir que armas sejam vendidas apenas a maiores de 18 anos que não representem ameaça à segurança pública.

Com agências internacionais


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