São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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País enterrará palestinos em covas coletivas, diz jornal

DA REDAÇÃO

O Exército de Israel decidiu enterrar as vítimas palestinas na ofensiva israelense contra o campo de refugiados de Jenin em covas coletivas temporárias, de acordo com a edição eletrônica do diário israelense "Haaretz". Segundo estimativas do jornal, o número de mortos palestinos na ação em Jenin é de cerca de 200.
Mais tarde a informação foi retirada do site, sem o diário dar explicações. Oficialmente, o Exército de Israel estava negando a informação, dada como verídica por palestinos e algumas organizações internacionais que atuam nas cidades palestinas.
Citando um porta-voz das Forças Armadas de Israel, o "Haaretz" dizia que há um duplo motivo para a decisão de enterrar as vítimas nas covas coletivas: em primeiro lugar, para prevenir que os palestinos utilizem os corpos intencionalmente para propaganda e, em segundo lugar, para evitar que a decomposição dos corpos nas ruas provoque epidemias.
Pela primeira vez ontem, imagens de TV mostraram as cenas da devastação do campo de refugiados de Jenin, porém nenhum corpo era visível. Jornalistas que estiveram no campo de Jenin ontem, que ficou fechado para a imprensa durante a operação, disseram que o local está devastado pelos oito dias de combate.

Prisões
O Exército de Israel afirmou que 4.185 palestinos foram presos desde o início da operação para "eliminar a infra-estrutura terrorista", no dia 29, após série de atentados suicidas que mataram mais de cem israelenses.
Quase metade das prisões ocorreram nos últimos dois dias. Muitos militantes, sem munição, se renderam em Nablus e no campo de refugiados de Jenin, onde a resistência palestina contra a ocupação israelense foi mais dura. No início da semana, 13 soldados de Israel foram mortos em emboscada no campo. Entre os detidos na operação estão 121 palestinos que fazem parte da lista de mais procurados de Israel.
No campo de refugiados de Jenin, cerca de 30 palestinos armados se renderam. Aparentemente eles eram os últimos palestinos que tentavam resistir à ofensiva israelense no local. Entre os rendidos está o xeque Ali Sfouri, do grupo extremista Jihad Islâmico, envolvido no planejamento de vários atentados contra israelenses, de acordo com Israel.

"Objetivos alcançados"
O chefe de operações militares de Israel em Jenin, o general Eyal Shlein, afirmou que os israelenses alcançaram "os objetivos desejados na incursão, destruindo a infra-estrutura terrorista no campo, prendendo integrantes da lista de mais procurados e confiscando armamentos e explosivos".
Muitos dos presos, afirmou o general, "já haviam gravado imagens para serem divulgadas após as suas mortes em atentados. E eliminamos alguns dos responsáveis pela ajuda aos terroristas".

Desocupação
Israel se retirou de 24 vilas palestinas na Cisjordânia, porém manteve suas operações nas cidades grandes ainda ocupadas, onde foram presos mais palestinos, apesar das pressões externas para que seja colocado um fim às duas semanas de ofensiva.
Apesar de desocupar 24 vilas palestinas, as forças israelenses entraram no campo de refugiados de Ein Beit Hilmeh e nas cidades de Dahariyah e Bir Zeit, onde se localiza uma das mais prestigiadas universidades palestinas. Cerca de 300 pessoas foram presas, a maior estudantes, disseram os palestinos.
Os alunos da Universidade Bir Zeit, a maior dos territórios palestinos, receberam ordens dos militares israelenses para deixarem os dormitórios e se apresentarem às forças israelenses.
Um toque de recolher foi imposto aos estudantes, e a entrada da universidade, um bastião do nacionalismo palestino, estava sob controle de israelenses.
A batalha em Nablus terminou anteontem, quando cerca de cem atiradores, com fome, exaustos e sem munição, deixaram uma mesquita da cidade.
Em Hebron, um homem-bomba se explodiu prematuramente ao entrar em um táxi, segundo Israel. Ele iria cometer um atentado. Por um curto espaço de tempo, tanques israelenses entraram em Tulkarem, cidade palestina desocupada na semana passada. Uma palestina de 24 anos foi presa. Segundo o Exército, ela planejava um atentado suicida contra israelenses.


Com agências internacionais


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