São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 2011 |
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Líder marfinense é preso após quatro meses de impasse Com ajuda da França, forças do presidente eleito Alassane Ouattara conseguiram entrar no bunker de Laurent Gbagbo Gbagbo, que se recusava a deixar o poder, não ofereceu resistência; na TV, Ouattara pediu fim dos conflitos no país
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS Forças leais ao presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, prenderam ontem o rival Laurent Gbagbo, pondo fim a quatro meses de impasse político e 12 dias de conflito direto em Abidjã, maior cidade do país do oeste da África. A prisão aconteceu horas depois de novo ataque de helicópteros da França, a antiga metrópole, à residência oficial do presidente, onde Gbagbo (pronuncia-se "bagbô") ficou entrincheirado em um bunker durante sete dias. Após a ação aérea, que ocorreu na madrugada, cerca de 30 blindados franceses cercaram a casa. Segundo um porta-voz de Gbagbo, ele se entregou aos franceses sem oferecer resistência. O Exército francês, porém, negou ter invadido a residência presidencial e disse que a prisão foi levada a cabo pelas forças de Ouattara (pronuncia-se "uatarrá"), com o auxílio da França e da ONU. Um dos homens de Ouattara disse à agência France Presse que havia minas por toda a casa e que as primeiras palavras do ditador ao ser detido foram "não me matem!". A TV mostrou imagens de Gbagbo já preso, ao lado da sua mulher, Simone, e transferido para o hotel que serviu de base ao rival no conflito. Mais tarde, tanto o líder derrubado quanto o presidente eleito fariam novas aparições televisivas -o primeiro, brevemente, para pedir que o conflito cessasse. Em discurso, Ouattara prometeu levar Gbagbo à Justiça, disse que instituiria uma comissão para investigar atrocidades contra civis durante o confronto e pediu às milícias que depusessem as armas. "Nosso país acaba de virar uma página dolorosa de sua história", declarou ele. MORTES NO CONFLITO O impasse na Costa do Marfim começou no final de novembro, quando Gbagbo, no poder desde 2000 -cinco anos além do seu mandato, que terminara em 2005-, se recusou a entregar seu cargo a Ouattara, cuja vitória eleitoral foi reconhecida pela ONU e pela União Africana. Uma das razões para Gbagbo se aferrar ao poder, segundo críticos do regime, era a tentativa de evitar um processo no Tribunal Penal Internacional, que julga crimes contra a humanidade. O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos estima que, antes dos últimos choques em Abidjã, pelo menos 400 pessoas tenham morrido na capital comercial marfinense como consequência do conflito -mas os números finais devem ficar bem acima disso. Relatos apontam para no mínimo mil mortes nos choques em todo o país. Cerca de 1 milhão de pessoas tiveram de deixar suas casas. A notícia da queda de Gbagbo recebeu comentários positivos da União Europeia e de países como o Reino Unido, que vinham pressionando por sua saída do cargo. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmou que os acontecimentos na Costa do Marfim serviam de aviso a outros ditadores. "Eles não podem desconsiderar a voz de seu povo, que [nesse caso] se manifestou em eleições livres e justas." Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Dilma e chinês citarão direitos humanos Índice | Comunicar Erros |
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