São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Mulheres com véu são presas no 1º dia de nova lei francesa Polícia, porém, nega que as três detenções tenham sido motivadas pela legislação que proíbe a burca e o niqab Medida sujeita infratora a multa de R$ 340 e aula de cidadania francesa; críticos acusam Sarkozy de explorar a xenofobia DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS No primeiro dia de vigência da lei que proíbe o uso de véus islâmicos que cobrem o rosto na França, pelo menos três mulheres vestindo o niqab -um dos modelos banidos- foram presas durante protesto contra a legislação. A polícia disse, no entanto, que as detenções não foram motivadas pela lei, e sim porque as mulheres teriam se negado a ser identificadas. Desde ontem, as mulheres estão proibidas de utilizar na França todas as modalidades de véus muçulmanos que cubram o rosto em locais públicos, sujeitando as infratoras a multas de cerca de R$ 340 e aulas de cidadania francesa. A entrada em vigor da lei, patrocinada pelo presidente Nicolas Sarkozy e aprovada em setembro passado, faz da França o primeiro país europeu a adotar restrições à característica veste islâmica. Pela legislação, estão banidos a burca, véu que cobre o corpo na sua totalidade, inclusive os olhos -encobertos com uma tela que permite a visão-, e o niqab, que deixa à mostra somente os olhos. Os outros vários tipos de véus islâmicos que permitem a exposição do rosto seguem sendo permitidos sob a legislação, bem como uso de burca e niqab em local privado. A legislação não prevê a prisão dos que a infringirem. E portadoras dos véus banidos também não poderão ser obrigadas a retirar o véu na rua, e sim levadas a alguma delegacia a fim de que a sua identificação seja realizada. A medida tem atraído duras críticas de grupos muçulmanos no país e no exterior, que alegam discriminação, e dos que veem na nova lei violações à liberdade religiosa. O governo francês, no entanto, defende a restrição sob a alegação de que o véu que encobre o rosto aprisiona as mulheres e contradiz os valores de dignidade e igualdade da França, país de longa tradição secular -de separação entre Estado e as religiões. Críticos de Sarkozy o acusam ainda de explorar sentimentos xenófobos num crescente eleitorado de extrema direita por meio da estigmatização da fé islâmica, a apenas um ano do pleito em que deverá tentar sua reeleição. Pessoas que obrigarem mulheres a utilizar os véus banidos estão sujeitas a até um ano de prisão e a pagar multa de cerca de R$ 70 mil, ou o dobro no caso de a mulher ser menor de idade. Vivem na França ao menos 5 milhões de muçulmanos -a maior comunidade da Europa ocidental. Mas estima-se que só 2.000 usem os dois tipos de véu proibidos. PARALELOS Embora a França seja pioneira na proibição à burca e ao niqab na Europa, outros países do continente já discutem restrições similares. Na Holanda, o partido anti-islâmico que apoia o governo pressiona pela aprovação de uma lei nesse sentido. E, na Bélgica, uma lei do gênero foi aprovada na Câmara, mas está parada devido à crise política que paralisa o país. Em alguns dos países de maioria islâmica com regime laico, há restrições desse tipo. Na Turquia, por exemplo, véus são proibidos em escolas e prédios do governo. Na Síria, no Egito e na Tunísia, há vetos em instituições públicas e órgãos do governo. Texto Anterior: EUA: Pivô do WikiLeaks está inacessível, diz funcionário da ONU Próximo Texto: Atentado: Explosão no metrô mata ao menos 11 pessoas em Belarus Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |