|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Casa Branca abrevia gestão da equipe de Garner; especialistas saem sem provar existência de arsenal químico
EUA trocam comando no país e retiram time que buscava armas
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Após repetidos fracassos, os Estados Unidos devem mudar nos
próximos dias o núcleo do time
de comando no Iraque pós-guerra e desmontar a principal unidade responsável por procurar armas de destruição em massa em
solo iraquiano.
Os dois movimentos ressaltam,
apesar do sucesso militar na guerra, a falta de planejamento sobre o
que fazer no Iraque pós-Saddam
Hussein e a fragilidade da justificativa americana para a intervenção -a de que o ex-ditador desenvolvia programa para produzir armas de destruição em massa.
Dos 19 locais designados pelo
Comando Militar americano como prioritários para buscas dessas armas no Iraque, 17 já foram
escrutinados sem sucesso.
Quase 50 outros pontos, de uma
lista de 68, que poderiam dar pistas sobre o suposto programa de
Saddam, também já foram revistados e não ofereceram provas.
As únicas indicações, tênues e
ainda sob investigação, de que o
Iraque pudesse estar desenvolvendo armas químicas ou biológicas foram o confisco de dois caminhões adaptados para transportar laboratórios móveis.
Um deles, encontrado em meados de abril no norte do Iraque,
passou por testes que não indicaram a presença de agentes químicos ou biológicos. O segundo veículo foi encontrado na semana
passada e está sendo analisado.
Os testes serão realizados pela
Força Tarefa Exploratória 75, o
principal time americano atuando no Iraque na busca de armas
de destruição em massa.
Segundo o jornal ""The Washington Post", esse deverá ser um
dos últimos trabalhos dessa equipe de elite no Iraque. Composta
por cientistas, bioquímicos, especialistas em armas nucleares e
computação e por militares das
forças especiais americanas, a
equipe foi apontada antes da
guerra como a principal responsável por materializar as provas
contra o Iraque apresentadas pelos EUA contra Saddam Hussein.
No início de fevereiro, diante do
Conselho de Segurança das Nações Unidas, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, mostrou fotos aéreas, documentos e
outras "provas" de que o Iraque
possuía centenas de toneladas de
agentes químicos e biológicos e
que estava prestes a desenvolver
armas atômicas.
Até aqui, nada foi encontrado.
Além da retirada da equipe encarregada por encontrar as provas que justificariam a guerra, devem deixar o Iraque também as
principais autoridades indicadas
para a "reconstrução".
A ex-embaixadora dos EUA no
Iêmen, Barbara Bodini, que vinha
ocupando o cargo de "prefeita-interina" de Bagdá, deveria deixar
permanentemente a cidade ontem rumo a Washington.
Nas próximas semanas, o general reformado Jay Garner, que
passou meses fazendo planos no
Kuait para o Iraque, também deve
deixar o país antes do previsto.
A avaliação é a de que o básico
no pós-guerra ainda não foi obtido. Os serviços públicos nas grandes cidades iraquianas continuam praticamente inexistentes,
não há segurança e, mais importante, estaria atrasada e confusa a
formação das bases para um novo
governo no país.
O novo chefe civil para as operações americanas no Iraque foi
apontado na semana passada pelo presidente George W. Bush.
A indicação de Paul Bremer, um
ex-diplomata e especialista em
contraterrorismo, contrariou os
planos iniciais do Pentágono de
manter um militar no comando
do Iraque, mas também foi interpretada como uma ação política
dos EUA no momento em que o
país tenta obter apoio nas Nações
Unidas para levantar as sanções
contra o Iraque.
Texto Anterior: Análise: Cabe a Bush dar foco às negociações Próximo Texto: Seattle e Chicago simulam ataques Índice
|