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São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2003

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Casa Branca abrevia gestão da equipe de Garner; especialistas saem sem provar existência de arsenal químico

EUA trocam comando no país e retiram time que buscava armas

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Após repetidos fracassos, os Estados Unidos devem mudar nos próximos dias o núcleo do time de comando no Iraque pós-guerra e desmontar a principal unidade responsável por procurar armas de destruição em massa em solo iraquiano.
Os dois movimentos ressaltam, apesar do sucesso militar na guerra, a falta de planejamento sobre o que fazer no Iraque pós-Saddam Hussein e a fragilidade da justificativa americana para a intervenção -a de que o ex-ditador desenvolvia programa para produzir armas de destruição em massa.
Dos 19 locais designados pelo Comando Militar americano como prioritários para buscas dessas armas no Iraque, 17 já foram escrutinados sem sucesso.
Quase 50 outros pontos, de uma lista de 68, que poderiam dar pistas sobre o suposto programa de Saddam, também já foram revistados e não ofereceram provas.
As únicas indicações, tênues e ainda sob investigação, de que o Iraque pudesse estar desenvolvendo armas químicas ou biológicas foram o confisco de dois caminhões adaptados para transportar laboratórios móveis.
Um deles, encontrado em meados de abril no norte do Iraque, passou por testes que não indicaram a presença de agentes químicos ou biológicos. O segundo veículo foi encontrado na semana passada e está sendo analisado.
Os testes serão realizados pela Força Tarefa Exploratória 75, o principal time americano atuando no Iraque na busca de armas de destruição em massa.
Segundo o jornal ""The Washington Post", esse deverá ser um dos últimos trabalhos dessa equipe de elite no Iraque. Composta por cientistas, bioquímicos, especialistas em armas nucleares e computação e por militares das forças especiais americanas, a equipe foi apontada antes da guerra como a principal responsável por materializar as provas contra o Iraque apresentadas pelos EUA contra Saddam Hussein.
No início de fevereiro, diante do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, mostrou fotos aéreas, documentos e outras "provas" de que o Iraque possuía centenas de toneladas de agentes químicos e biológicos e que estava prestes a desenvolver armas atômicas.
Até aqui, nada foi encontrado.
Além da retirada da equipe encarregada por encontrar as provas que justificariam a guerra, devem deixar o Iraque também as principais autoridades indicadas para a "reconstrução".
A ex-embaixadora dos EUA no Iêmen, Barbara Bodini, que vinha ocupando o cargo de "prefeita-interina" de Bagdá, deveria deixar permanentemente a cidade ontem rumo a Washington.
Nas próximas semanas, o general reformado Jay Garner, que passou meses fazendo planos no Kuait para o Iraque, também deve deixar o país antes do previsto.
A avaliação é a de que o básico no pós-guerra ainda não foi obtido. Os serviços públicos nas grandes cidades iraquianas continuam praticamente inexistentes, não há segurança e, mais importante, estaria atrasada e confusa a formação das bases para um novo governo no país.
O novo chefe civil para as operações americanas no Iraque foi apontado na semana passada pelo presidente George W. Bush.
A indicação de Paul Bremer, um ex-diplomata e especialista em contraterrorismo, contrariou os planos iniciais do Pentágono de manter um militar no comando do Iraque, mas também foi interpretada como uma ação política dos EUA no momento em que o país tenta obter apoio nas Nações Unidas para levantar as sanções contra o Iraque.


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