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PÁTRIA OU MORTE
Ditador afirma ao diário argentino "Página 12" que EUA poderiam atacar o país se dissidentes não fossem mortos
Fuzilamentos impediram guerra, diz Fidel
DA REDAÇÃO
Os recentes fuzilamentos de
três dissidentes cubanos foram a
resposta a uma "questão de vida
ou morte", necessária para frear
um confronto armado com os Estados Unidos, afirmou o ditador
cubano Fidel Castro numa entrevista publicada ontem pelo jornal
argentino "Página 12".
"Posso resumir a questão em
três palavras: questão de vida ou
morte", declarou Fidel. "A máfia
terrorista de Miami, aliada à extrema direita norte-americana, tinha a intenção -e ainda tem-
de criar uma grave crise que poderia levar a um confronto armado entre os EUA e Cuba."
Ao longo da entrevista, que durou dez horas, Fidel Castro admitiu que havia levado em conta a
ampla reação negativa que uma
medida como essa poderia ter, inclusive entre antigos defensores
da Revolução Cubana.
"Conhecíamos o custo da medida, já que hoje em dia -e não tiro
a razão dos que se opõem a ela [à
pena de morte"- o número dos
que pensam dessa forma cresce
cada vez mais, o que muito me
alegra, já que compartilhamos o
repúdio pela pena de morte", assegurou Castro.
Segundo o ditador cubano, "o
plano concebido de antemão [pelos dissidentes" consistia em provocar uma crise migratória que
seria utilizada como pretexto para
um bloqueio naval, o que inevitavelmente levaria à guerra".
Depois de recordar o desembarque contra-revolucionário em
Playa Girón, em 1961, Castro, vestido com o seu tradicional uniforme verde-oliva, afirmou que os
EUA "declararam a doutrina hitleriana do ataque preventivo
contra 60 países ou mais, sem que
ninguém saiba o que significa a
expressão "ou mais", uma incógnita que pode incluir até países da
própria Europa".
Lembrou ainda as palavras recentes do presidente George W.
Bush diante de mais de 850 oficiais, que foram instados a "estar
preparados para atacar imediatamente qualquer recanto obscuro
do planeta".
"É de esperar que ninguém subestime os perigos que um país
como Cuba enfrenta", concluiu
Fidel, argumentando que os cubanos vêm lutando há 44 anos
"sem ceder um milímetro ao império".
Sobre a questão específica dos
fuzilamentos, o ditador cubano
comentou em particular a crítica
do escritor português José Saramago, que se disse "profundamente desiludido" com os acontecimentos em Cuba.
"Saramago é um bom escritor.
Realmente lamentamos que ele
não tenha entendido uma só palavra sobre as realidades em que vivem Cuba e o mundo. Ele não é o
único que se opõe à pena capital;
milhões de compatriotas nossos
também não estão de acordo com
ela, mas nenhum vacilou diante
da alternativa que conhecem
muito bem."
Para Fidel, os que se manifestaram contra as recentes medidas
de seu governo não estão percebendo o perigo mundial representado pelos EUA: "Saramago e
outros que agiram de boa fé parecem ignorar que o planeta marcha aceleradamente para uma tirania nazi-fascista."
Como contraposição, ele mencionou que "Rigoberta Menchú
[Prêmio Nobel da Paz de 1992],
uma nobre e modesta índia guatemalteca que conhece Cuba e sua
inalterável lealdade à causa nobre
dos povos explorados deste mundo, não reagiu do mesmo modo",
aludindo à lista de apoio a Cuba
assinada por Menchú.
Com agências internacionais
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