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EM ALTO-MAR
Fundadora da Women on Waves diz que projeto será mundial; 20 milhões de cirurgias ilegais ocorrem todos os anos
ONG fará aborto em águas internacionais
DA REDAÇÃO
Ativistas pró-aborto deixaram
a Holanda ontem em um barco
adaptado com uma clínica ginecológica para oferecer aborto às
mulheres na Irlanda, onde a prática é ilegal. A embarcação holandesa, de 130 pés (40 m), foi patrocinada pela Women on Waves
(Mulheres nas Ondas), uma organização não-governamental em
defesa dos direitos de reprodução
da mulher.
Na primeira viagem do gênero,
parte de um projeto-piloto que
pode se estender a outros países,
incluindo o Brasil, o grupo está
preparado e equipado para realizar abortos em águas internacionais nos países onde o ato é considerado ilegal (leia ao lado).
Com dez tripulantes a bordo,
dentre eles duas médicas e uma
enfermeira, o barco deve chegar a
Dublin na quinta-feira já enfrentando as críticas de grupos irlandeses em defesa da vida, que classificaram a idéia como uma "gigantesca façanha publicitária".
Joke van Kampen, porta-voz da
Women on Waves, disse que a tripulação não espera nenhum tipo
de violência. O barco "tem boa segurança", com alarmes e câmeras.
Na Irlanda, país de forte tradição católica, as vítimas de estupro
e de incesto precisam sair do país
para abortar. Desde 1992, uma lei
aprovou que as mulheres deixassem o país para fazer a cirurgia.
No ano passado, mais de 6.000
mulheres viajaram para o Reino
Unido para fazê-lo.
Rebecca Gomperts, ginecologista e fundadora da Women on
Waves, disse que, nessa primeira
viagem, não serão feitos abortos,
embora a equipe possa fazer até
20. Desta vez, o grupo irá oferecer
pílulas anticoncepcionais e aconselhamento. "Mas, se nos pedirem, podemos navegar e dar às
mulheres uma pílula abortiva em
águas internacionais."
Segundo as leis internacionais,
se o barco de bandeira holandesa
estiver navegando em águas territoriais internacionais -pouco
mais de 22 km da costa de qualquer país- e realizar um aborto,
prevalecem as leis da Holanda,
onde o aborto é legal. O grupo,
então, não poderia ser acusado e
processado ao retornar ao porto.
A ONG poderá levar mulheres a
bordo, fazer o aborto em águas internacionais e devolvê-las ao porto no mesmo dia. "Será um projeto mundial", disse Gomperts.
Segundo a Women on Waves,
cerca de 20 milhões de abortos ilegais e sem segurança são praticados anualmente, causando a morte de 80 mil mulheres.
Com agências internacionais
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