São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2007

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Chávez conclama partidários a doar bens excedentes

"Quero verdadeiros socialistas", afirma venezuelano aos inscritos no novo Partido Socialista Unido da Venezuela

Presidente anuncia doação de prêmio que recebeu da Líbia e sugere que bens não-essenciais sejam deixados em praça para necessitados

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, fez anteontem um apelo aos cerca de 5 milhões de militantes pré-inscritos no recém-formado Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) para que doem quaisquer bens excedentes à revolução, de geladeira a caminhão. Como exemplo, anunciou a doação de parte de um prêmio de US$ 250 mil que havia recebido do governo líbio.
"Aquele que tenha uma geladeira de que não precisa, coloque-a na praça Bolívar, aquele que tenha um caminhão de que não precisa, um ventilador, uma cozinha, desprendam-se de algo, não sejamos egoístas. Eu exijo! Se, desses 5 milhões de aspirantes, eu ficar com cinco, eu prefiro. Mas quero ser acompanhado de verdadeiros socialistas", disse Chávez, durante seu programa de TV semanal "Alô, presidente".
"Tenho uma conta de poupança de um prêmio que me deram na Líbia, de US$ 250 mil. Doei uma parte para um esforço de intelectuais. Não preciso desse dinheiro, vou colocá-lo sobre a mesa porque aspiro a ser do PSUV, vamos ver quem me segue", afirmou Chávez.
Ao longo do programa, que durou sete horas, o presidente venezuelano deu sinais de descontração, em meio à redução dos protestos estudantis contra o fim das transmissões do canal oposicionista RCTV, cuja licença não foi renovada por Chávez -que alegou como motivo principal a participação da emissora no frustrado golpe de Estado contra ele, em abril de 2002.

Atentado com estilingue
A dirigente chavista Lina Ron, integrante da cúpula do PSUV, afirmou ontem que sofreu uma tentativa de assassinato planejada pela oposição e levada a cabo por um menino de 11 anos e seu estilingue.
O atentado teria ocorrido na sexta-feira, quando ela estava na sede da emissora estatal Venezolana de Televisión (VTV).
"Por menos de um centímetro não me executaram com um pedaço de chumbo, atingindo-me na cabeça", escreveu, em artigo publicado no jornal "El Nuevo País".
No relato, Lina Ron diz que conseguiu capturar o autor do disparo de estilingue, um menino de 11 anos que estava acompanhado de outros três colegas da mesma idade.
Ron insinuou ainda que a estratégia pode ser usada contra Chávez, que acusa os EUA de planejarem o seu assassinato.
"Há 15 dias, vínhamos informando ao governo que estão trabalhando a psique das criancinhas da escola primária. Na sexta-feira, observamos como no próprio colégio que está dentro do [Palácio] Miraflores estão os moleques infiltrados pela direita, o que os converte nos perfeitos cavalos de Tróia."


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