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"Auréola" de Ahmadinejad vira arma de campanha de rivais
DO ENVIADO A TEERÃ
Uma auréola que cerca o presidente Ahmadinejad e que deixa sem piscar quem o vê provoca um dos embates mais debochados do final da campanha
eleitoral no Irã.
Em um vídeo que está circulando por todo o país, Ahmadinejad aparece contando a um
dos principais líderes religiosos
locais, o aiatolá Abdollah Javadi Amoli, que uma auréola o iluminou durante seu primeiro
discurso na Assembléia Geral
da ONU, em 2005.
"Um membro da delegação
me contou que havia uma luz
me cercando, uma auréola", diz
Ahmadinejad no vídeo.
"Eu também senti isso. Toda
a atmosfera mudou. Todos os
líderes no público ficaram sem
piscar por 27, 28 minutos. Não
exagero quando digo que ninguém piscou", relata.
"Eles abriram os olhos e os
ouvidos para ver a mensagem
da República Islâmica [do Irã]",
completa.
No domingo passado, Mousavi contou a história do vídeo
em um comício e chamou Ahmadinejad de "supersticioso",
colocando em dúvida a seriedade religiosa da qual o presidente se orgulha.
Na segunda-feira, Ahmadinejad negou que houvesse falado de sua auréola. Então a campanha de Mousavi se encarregou de espalhar o vídeo.
Já há dezenas de versões do
vídeo no Youtube, enviadas por
celulares e até distribuídas em
CDs pela oposição nas principais ruas de Teerã. Uma versão
utiliza a canção "Halo", da cantora americana Beyoncé, com
as imagens de Ahmadinejad -
ao som de "Baby, I can see you
halo" (Meu bem, eu posso ver
sua auréola).
Em programa na TV estatal,
o ex-vice-presidente reformista Mohammad Abtahi perguntou a outro candidato reformista, Mehdi Karubi, se "emitia luzes em seus discursos".
"Só certas pessoas podem ver
isso. Eu não tenho esse status
espiritual", ironizou Karubi.
O vídeo serve à estratégia de
Mousavi, que na última semana
tem chamado o presidente de
"mentiroso", por conta das estatísticas de desemprego e inflação -Ahmadinejad diz que a
inflação está em 14% e o desemprego em 12,5%, enquanto
Mousavi disse que a alta de preços está em 23,6% e o desemprego em 17%.
Na noite de quarta-feira, a
campanha de Ahmadinejad
também começou a distribuir
CDs com entrevistas suas, rebatendo as acusações, na chamada "batalha dos CDs".
(RJL)
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