|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE SOB TUTELA
Acordo que retirou as forças americanas da cidade em abril faz dela um refúgio para terroristas e combatentes
EUA vêem em Fallujah porto-seguro da insurgência
DA REDAÇÃO
Autoridades americanas e iraquianas dizem que a decisão tomada em abril de retirar as forças
americanas de Fallujah, cidade 50
km a oeste de Bagdá, criou ali um
reduto seguro para os terroristas e
insurgentes. Segundo funcionários iraquianos graduados, o governo em Fallujah foi substituído,
na prática, por um grupo de líderes insurgentes, muitos deles extremistas islâmicos, que dominam as decisões sobre a cidade.
Sem ter certeza sobre como proceder, as autoridades relutam em
enviar as tropas americanas de
volta. Mas concordam que apenas
adiaram o problema ao suspender a campanha americana após
um acordo para manter as forças
dos EUA fora da cidade, entregando o policiamento a iraquianos locais.
Representantes iraquianos e
americanos dizem que prefeririam voltar à cidade com um contingente grande de soldados iraquianos apoiados por forças dos
EUA. Mas reconhecem que ainda
faltam meses ou anos para que
exista uma força iraquiana capaz
de montar um ataque eficaz.
Conseqüentemente, os americanos e o governo interino iraquiano estão diante de um perigo
crescente. "Não há dúvida de que
Fallujah é um porto-seguro", disse o general Ricardo Sanchez, até
a semana passada comandante de
todas as forças militares no país.
"Em algum momento, será preciso enfrentar essa situação."
Relatórios de segurança sugerem que Abu Musab Zarqawi, o
jordaniano visto como responsável por dezenas de ataques no
país, use Fallujah como base de
operação e mantenha ali uma espécie de linha de montagem de
carros-bomba e armas do tipo.
Autoridades iraquianas disseram ter se oposto ao acordo que
entregava Fallujah aos insurgentes e reclamam que lhes falta recursos para reassumir o controle
da cidade, onde a força de segurança local, formada em grande
parte por ex-insurgentes, não
consegue conter os terroristas.
Os americanos dizem que poderiam reconquistar o controle por
meios militares, mas temem que
isso custe centenas de vidas iraquianas e provoque o mesmo tipo
de reação negativa visto em abril,
quando a notícia de que até 600
pessoas teriam sido mortas na cidade exaltou os ânimos no país.
Hoje, sob os termos do acordo,
os americanos não podem nem
sequer responder com fogo quando insurgentes disparam foguetes
e morteiros contra suas tropas.
Em lugar disso, limitam-se a ataques aéreos com efeitos incertos.
Nas últimas semanas as forças
americanas lançaram ao menos
cinco ataques aéreos contra Fallujah, nos quais, dizem, mataram
dezenas de terroristas. Os moradores locais afirmam, no entanto,
que as vítimas eram civis.
Quatro mortos
Ontem, ataques distintos da insurgência no norte do país mataram ao menos quatro pessoas.
Dois soldados dos EUA morreram quando uma bomba atingiu
sua patrulha em Samarra, e, em
Beiji, um ataque a tiros matou outro soldado e um civil iraquiano.
O caminhoneiro filipino Angelo
de la Cruz seguia desaparecido
depois de vencer o prazo imposto
por seus seqüestradores para o
governo de seu país aceitar retirar
os 51 soldados que mantém no
Iraque no próximo dia 20, um
mês antes do previsto. Manila,
que após o seqüestro anunciara
que não ampliaria a estada da tropa, rejeitou a nova demanda.
Ainda estão desaparecidos dois
búlgaros. Sófia disse ter recebido
prova de que os reféns estão vivos.
O comando militar dos EUA e o
governo interino iraquiano atribuem parte da violência no país a
combatentes estrangeiros que entram pelas fronteiras com a Síria e
com o Irã. A fim de conter o problema, Bagdá e Damasco anunciaram ontem um acordo para reforçar o policiamento fronteiriço.
Com "The New York Times" e agências
internacionais
Texto Anterior: EUA buscam meio de adiar eleição em caso de ataque Próximo Texto: Blair inflou informações, dizem agentes Índice
|