São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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ORIENTE MÉDIO

João Paulo 2º pede maior presença internacional e se oferece como mediador; Arafat e Sharon trocam acusações

Papa faz mais forte apelo por paz em Israel

France Press
O papa é amparado ao deixar audiência em Castel Gandolfo


DA REDAÇÃO

Após citar seu sofrimento pessoal pelo sangrento conflito no Oriente Médio, o papa João Paulo 2º fez ontem sua mais forte denúncia da violência na região, lamentando que os palestinos estão sendo sujeitados a uma virtual "punição coletiva" e que os israelenses sofrem um medo diário de ataques contra suas vidas.
O papa pediu à comunidade internacional que tenha presença mais efetiva no Oriente Médio, e se ofereceu para mediar a viabilização de um "diálogo frutífero". Ele pediu ainda às autoridades israelenses e palestinas que retomem "negociações leais".
"Quando vão aprender que a coexistência entre Israel e os palestinos não pode ser o resultado de armas? Nem ataques, nem muros de separação, nem retaliações vão levar a uma solução justa para o atual conflito", afirmou numa audiência a peregrinos em seu palácio de verão em Castel Gandolfo, perto de Roma.
"O papa sofre junto com todos aqueles que estão chorando em luto e sobre a destruição", disse ele, acrescentando que está "próximo, acima de tudo, àqueles muitos inocentes que pagam o preço dessa violência". Ele disse ainda que quer "repetir para todos, de qualquer grupo étnico, que não há perdão para quem mata civis indiscriminadamente".

Troca de acusações
O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, acusaram-se mutuamente de alimentar os conflitos no Oriente Médio, apesar dos recentes diálogos sobre uma possível retirada das tropas israelenses de territórios palestinos. Sharon disse não acreditar que Arafat tomaria medidas para prevenir atentados contra israelenses.
Autoridades israelenses e palestinas discutiram a retirada das tropas israelenses da faixa de Gaza. Israel chegou a considerar retirar tropas da Cisjordânia. Mas os diálogos cessaram. Sharon classificou as propostas palestinas de recuo de tropas israelenses como "um truque para coincidir com as conversas entre autoridades palestinas e americanas".
Arafat disse que ficou encorajado com os encontros entre a delegação palestina e autoridades americanas durante a semana passada em Washington. A delegação, formada pelo ministro do Interior da ANP, Abdel Razzak al-Yahya, e o negociador Saeb Erekat, se reuniu com o diretor da CIA, George Tenet.
Após o encontro, o ministro do Interior disse que as forças de seguranças palestinas sofrerão reformas, como a união de setores para controlar militantes islâmicos. Arafat avaliou ainda como "importante" o encontro da delegação palestina com o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, e a assessora de segurança nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice.
Hussam Nazal, médico franco-palestino que pretende enfrentar Arafat na eleição presidencial da ANP marcada para janeiro de 2003, convocou, em entrevista ao jornal israelense "Yediot Aharonot", uma pausa de seis meses na Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense). "Vamos dar aos israelenses seis meses. E nos comprometer a que não haja atentados e vamos obrigá-los a retomar o diálogo", declarou Nazal.

"Cobertura sem limites"

Um táxi que levava Guideón Levy, colunista do jornal "Haaretz", em Tulkarem (Cisjordânia) foi alvo de tiros disparados por soldados israelenses ontem à tarde. Três pessoas estavam no táxi com ele, mas ninguém foi atingido, pois o carro era blindado.
O ministro da Defesa, Binyamin Ben Eliezer, telefonou a Levy para pedir desculpas. "O direito a uma cobertura jornalística sem limites nem restrições é muito importante para Israel", disse Ben Eliezer.
Na cidade de Khan Younis, dois meninos, um de seis e outro de sete anos, ficaram feridos por disparos feitos por um tanque de Israel. Um ativista morreu em troca de tiros com o Exército israelense e várias pessoas foram feridas por disparos de soldados israelenses na aldeia Sauhara.

Com agências internacionais


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