|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Polarização na política afeta até vida familiar
DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
Apesar de representarem
de 20% a 30% da população,
segundo as pesquisas de opinião, os indecisos venezuelanos praticamente desapareceram do polarizado cenário político venezuelano e se
transformaram numa "minoria" muitas vezes acusada
de apática e irresponsável.
Mas, há um ano, intelectuais fundaram um grupo
para defender os direitos dos
indecisos e tentar diminuir a
radicalização do país.
"A polarização fez tudo
parecer branco ou preto neste país", afirma a professora
de psicologia da Universidade Central da Venezuela Mireya Lozada, coordenadora
da organização Aqui Cabemos Todos.
Uma das principais preocupações do grupo é o aumento da violência familiar
por causa da polarização e
da carga emotiva. As diferenças ideológicas não se resumem à classe social.
"Houve um caso de uma
idosa chavista que, durante
uma reunião, chorou ao
contar que não via seus netos havia três meses porque
sua filha, oposicionista, não
permitia", disse Lozada.
Um fenômeno recente é o
aumento de separações conjugais devido a posições políticas distintas. Ontem, um
jornal venezuelano registrou
nove casos do tipo apenas
numa cidade do interior.
Como psicóloga social, Lozada atuou em escolas de
Caracas onde alunos de um
dos lados impediam que os
"adversários políticos" assistissem às aulas.
Segundo ela, até mesmo as
máquinas de votação que serão usadas no plebiscito de
domingo estão polarizadas
-não é possível anular o
voto ou deixá-lo em branco,
pois as opções são apenas
pelo "sim" (oposição) ou
"não" (chavista).
FM
Texto Anterior: Venezuela: Governo e oposição exibem seus apoiadores Próximo Texto: Artigo: Plebiscito revela democracia em risco Índice
|