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Sem embaixador, Manuel Zelaya se reúne com Lula hoje no Brasil
Diplomata hondurenho, mantido no cargo por golpistas, está internado, diz sua secretária
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente deposto de
Honduras, Manuel Zelaya, chegou ontem a Brasília para se
reunir hoje com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, quase
um mês e meio depois do golpe
que o retirou do poder.
Num símbolo da esquizofrenia do serviço diplomático hondurenho pós-golpe, não estava
claro ontem a quem se reporta
o embaixador do país no Brasil,
se a Zelaya ou se ao governo interino de Roberto Micheletti.
Questionado se tinha contato com a embaixada em Brasília, o deposto respondeu: "O
embaixador comunicou que está doente. Agora vamos verificar se está doente".
O embaixador hondurenho
Víctor Manuel Lozano Urbina
foi internado anteontem no
hospital das Forças Armadas
de Brasília com dores no peito,
segundo contou à agência Associated Press sua secretária, María del Rocío Velásquez. O diplomata aparentemente mantido no cargo pelos golpistas.
Rocío disse que Lozano está
sob muita pressão desde que
Micheletti assumiu o poder,
mas estava despachando normalmente na semana passada.
O golpe já produziu adesões
aos dois lados: o embaixador
ante a ONU permaneceu fiel a
Zelaya, mas o representante do
país em Washington aliou-se a
Micheletti, por exemplo.
Arias com gripe suína
Lula receberá Zelaya -às
15h30, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), que
abriga temporariamente o escritório da Presidência- quando o clamor internacional pelo
retorno ao poder do deposto
parece cada vez mais distante
de alcançar seu objetivo.
O hondurenho disse ontem
que a visita visa buscar que
EUA e América Latina tomem
medidas "mais enérgicas" contra o golpe. O Brasil tomou medidas contra os golpistas: não
enviou de volta seu embaixador
a Tegucigalpa, congelou parceria militar com o país e suspendeu análise de financiamentos.
O governo tem pedido que os
EUA, maior parceiro comercial
de Honduras, aumentem restrições a Micheletti. Anteontem, o presidente americano,
Barack Obama, disse que a
pressão por um cerco maior aos
golpistas era "hipocrisia" dos
esquerdistas que ao mesmo
tempo pedem fim da ingerência de Washington na região.
Ontem houve atos pró-Zelaya em várias cidades hondurenhas. Em Tegucigalpa, a marcha reuniu milhares de pessoas. O governo interino voltou
a decretar toque de recolher,
suspenso desde 31 de julho.
O presidente da Costa Rica,
Óscar Arias, mediador da crise
hondurenha, contraiu a gripe
suína -o primeiro caso confirmado de um chefe de Estado-
e deve ficar em repouso até segunda. Ontem, antes do diagnóstico, defendeu que os golpistas recebessem uma comissão da OEA (Organização Estados Americanos) para negociar.
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