São Paulo, quarta-feira, 12 de agosto de 2009

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Sem embaixador, Manuel Zelaya se reúne com Lula hoje no Brasil

Diplomata hondurenho, mantido no cargo por golpistas, está internado, diz sua secretária

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, chegou ontem a Brasília para se reunir hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quase um mês e meio depois do golpe que o retirou do poder.
Num símbolo da esquizofrenia do serviço diplomático hondurenho pós-golpe, não estava claro ontem a quem se reporta o embaixador do país no Brasil, se a Zelaya ou se ao governo interino de Roberto Micheletti.
Questionado se tinha contato com a embaixada em Brasília, o deposto respondeu: "O embaixador comunicou que está doente. Agora vamos verificar se está doente".
O embaixador hondurenho Víctor Manuel Lozano Urbina foi internado anteontem no hospital das Forças Armadas de Brasília com dores no peito, segundo contou à agência Associated Press sua secretária, María del Rocío Velásquez. O diplomata aparentemente mantido no cargo pelos golpistas.
Rocío disse que Lozano está sob muita pressão desde que Micheletti assumiu o poder, mas estava despachando normalmente na semana passada.
O golpe já produziu adesões aos dois lados: o embaixador ante a ONU permaneceu fiel a Zelaya, mas o representante do país em Washington aliou-se a Micheletti, por exemplo.

Arias com gripe suína
Lula receberá Zelaya -às 15h30, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), que abriga temporariamente o escritório da Presidência- quando o clamor internacional pelo retorno ao poder do deposto parece cada vez mais distante de alcançar seu objetivo.
O hondurenho disse ontem que a visita visa buscar que EUA e América Latina tomem medidas "mais enérgicas" contra o golpe. O Brasil tomou medidas contra os golpistas: não enviou de volta seu embaixador a Tegucigalpa, congelou parceria militar com o país e suspendeu análise de financiamentos.
O governo tem pedido que os EUA, maior parceiro comercial de Honduras, aumentem restrições a Micheletti. Anteontem, o presidente americano, Barack Obama, disse que a pressão por um cerco maior aos golpistas era "hipocrisia" dos esquerdistas que ao mesmo tempo pedem fim da ingerência de Washington na região.
Ontem houve atos pró-Zelaya em várias cidades hondurenhas. Em Tegucigalpa, a marcha reuniu milhares de pessoas. O governo interino voltou a decretar toque de recolher, suspenso desde 31 de julho.
O presidente da Costa Rica, Óscar Arias, mediador da crise hondurenha, contraiu a gripe suína -o primeiro caso confirmado de um chefe de Estado- e deve ficar em repouso até segunda. Ontem, antes do diagnóstico, defendeu que os golpistas recebessem uma comissão da OEA (Organização Estados Americanos) para negociar.


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