São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2001

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TERROR

Ainda há vivos debaixo dos escombros, diz polícia de NY

Policiais pensaram, a princípio, que fosse acidente aéreo; queda de prédios mata equipes que trabalhavam no resgate

Associated Press
Queda de americano que pulou do World Trade Center, em Nova York, para fugir das chamas


SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

As autoridades de Nova York informaram que ainda havia pessoas vivas debaixo dos escombros das torres do World Trade Center destruídas ontem no maior ataque terrorista da história. Esses sobreviventes estariam se comunicando com as equipes de resgate por celular, segundo a TV CBS.
A ação, que começou com o choque de um Boeing-767 contra o prédio mais alto e importante da cidade mais rica do país mais poderoso do mundo, foi tratada a princípio pela polícia como um acidente aéreo.
As primeiras imagens levadas ao ar pelas emissoras de TV mostravam o começo de um incêndio numa das torres.
A hipótese de uma ofensiva cuidadosamente orquestrada pelo terror só foi levantada pela primeira vez quando um segundo avião se chocou contra a segunda torre do complexo.
Policiais ouvidos pela Folha falaram em 10 mil mortos -o presidente George W. Bush falou em "milhares". Na noite de ontem, a polícia de Nova York disse que 85 policiais morreram e que 200 dos 400 bombeiros enviados ao World Trade Center ainda não haviam sido encontrados.
"Só teremos alguma idéia do total de vítimas amanhã [hoje"", disse o prefeito Rudolph Giuliani. "De qualquer maneira, o número será maior do que qualquer um de nós poderia suportar."
Segundo a polícia, três pessoas foram presas em Nova York por suspeita de conexão com os atentados. Nada foi divulgado sobre sua identidade.
O Hospital St. Vincent's havia recebido 209 feridos, dos quais três morreram e 18 estavam em estado crítico. No Bellevue, 125 feridos eram atendidos, principalmente com ferimentos graves, fraturas e queimaduras. "Há centenas de pessoas queimadas dos pés à cabeça", disse o médico Steven Stern, do St. Vincent's. No Bellevue, mais de 300 médicos estão divididos em quatro equipes.
Logo após o primeiro choque, um incêndio tomou o último terço do edifício. Os bombeiros, a polícia e as ambulâncias chegaram ao prédio em minutos e começaram a esvaziar os andares. Os bombeiros ainda não tinham conseguido dominar o fogo quando o segundo avião se chocou contra a torre sul.
Tanto o segundo choque quanto toda a destruição que se seguiria nos minutos seguintes passaram a ser acompanhadas ao vivo pelo mundo inteiro graças aos helicópteros das emissoras locais, que costumam estar no ar neste momento relatando as condições do trânsito na cidade.
Nova equipe de resgate foi acionada, e a que já trabalhava no primeiro prédio passou a tentar esvaziar o segundo. Ambas as construções, que chegavam a abrigar 50 mil pessoas em horários de pico, ainda estavam parcialmente vazias, devido ao horário.
Nesse momento, o primeiro prédio desabou, matando os ocupantes e grande parte da primeira equipe de resgate. Uma terceira leva foi acionada para tentar resgatar os sobreviventes da primeira equipe e a ajudar a segunda turma a evacuar o segundo prédio mais rapidamente.
Foi quando o segundo prédio desabou, matando os que ainda não haviam conseguido sair, os que estavam lá para resgatá-los e parte da terceira leva de resgate, que então trabalhava entre os sobreviventes do primeiro prédio. Entre os mortos estavam o chefe e o subchefe dos bombeiros.
Foi o suficiente para instalar o pânico no sul da ilha de Manhattan, onde fica o prédio, com centenas de pessoas correndo da fumaça do incêndio e da nuvem de pó que se seguiu aos dois desabamentos. Foi um efeito dominó cronometrado que serviu para apavorar a cidade.
"Eu sou dos poucos que sobreviveram da primeira equipe de resgate", disse à Folha o operador de frequência de emergência Lewis Vigil, 31.
"Minha teoria é que o primeiro prédio desabou com bombas colocadas na estrutura, e não só com o impacto e as bombas do avião." Com ele concordam alguns oficiais do FBI.
O prédio número sete do World Trade Center, de 47 andares, também desabou. Estava vazio. Até a conclusão desta edição, o prédio número cinco continuava em chamas.

Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online


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