São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2001

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Herói de sequestro brasileiro acha que terroristas pilotavam aviões

SANDRA BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

O piloto brasileiro Fernando Murilo de Lima e Silva, 53, afirmou que os comandantes dos aviões que se chocaram contra o World Trade Center devem ter sido mortos antes das colisões.
O comandante Murilo tem mais experiência do que as suas 20 mil horas de vôo. Ele pilotava o Boeing-737/300 da Vasp sequestrado por Raimundo Nonato Alves da Conceição em 29 de setembro de 1988. "Foram quase seis horas de terror. O sequestrador matou o co-piloto e exigia, com um revólver na minha cabeça, que eu jogasse o avião com 107 pessoas a bordo em cima do Palácio do Planalto."
Para ele, os terroristas assumiram as duas aeronaves nos EUA. "Se os pilotos estivessem no comando, teriam feito alguma coisa para tentar evitar o choque. Em último caso, uma manobra para jogar o avião no mar."
O piloto disse que enganou o sequestrador ao posicionar a aeronave sobre uma nuvem. "Disse a ele que o tempo estava fechado e não dava para ver o Planalto. Ele pediu para ir a São Paulo, mas o combustível acabou em cima de Goiânia (GO). Ele estava alucinado. Era um desempregado que tinha raiva do presidente José Sarney."
O ex-comandante da Vasp, condecorado com a medalha do Mérito Aeronáutico, disse que, ao assistir pela TV às cenas de ontem, relembrou o que viveu há quase 13 anos.
Segundo Murilo, o sequestrador estava armado com um revólver 38 e deu mais de 20 tiros na cabine. O co-piloto Salvador Evangelista foi morto ao tentar comunicar-se pelo rádio com a torre de controle. Nonato Conceição foi baleado ao ser preso em Goiânia e morreu dias após sequestrar o avião que fazia o vôo 375 (Porto Velho-Cuiabá-Goiânia-Brasília-Belo Horizonte-Rio de Janeiro). Ele embarcou no último trecho do vôo.
Demitido pela Vasp há oito anos, o comandante Murilo trabalha atualmente como professor de aviação em Curitiba e pilota pequenos aviões.

Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online


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