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MERCADO FINANCEIRO
Bovespa fecha pregão; dólar bate novo recorde
Bolsa de SP caiu mais de 9% antes de parar negócios; moeda americana fecha a R$ 2,66
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os atentados nos EUA fizeram o
dólar em poucos minutos disparar para R$ 2,677, enquanto a Bovespa desabava mais de 9%.
Assustados, os investidores saíram à compra de dólares e empurraram o valor da moeda para
níveis inéditos. No pregão da Bolsa, a ordem era vender ações.
Suspender as operações foi a decisão da Bolsa de Valores de São
Paulo quando seu principal índice
ultrapassou os 9% de queda.
Mesmo assim, a Bovespa não
conseguiu evitar a maior desvalorização desde janeiro de 99, período da crise cambial.
Não deu tempo nem de o "circuit breaker" -mecanismo que
interrompe os pregões toda vez
que a queda atinge 10%- ser
acionado. A venda de ações foi
maciça, o que fez a Bolsa paulista
encerrar o pregão de ontem, depois de pouco mais de uma hora
de negócios, com 9,17% de perdas.
No mercado de câmbio, os negócios prosseguiram e a escalada
no preço do dólar só parou pela
falta de investidores à tarde.
Passado o primeiro impacto da
notícia dos ataques, as instituições financeiras preferiram manter suas posições, o que fez o preço da moeda parar de subir.
No fim da tarde, o dólar encerrou com valorização de 2,03%,
vendido a R$ 2,66, nova cotação
recorde no Real.
Os negócios com títulos da dívida externa dos países emergentes
também foram rapidamente afetados pelo nervosismo que dominou o mercado financeiro internacional após o ataque terrorista
aos Estados Unidos.
Como a maior parte dos negócios com esses papéis -como os
brasileiros C-Bonds e os argentinos FRBs- é realizada em Nova
York, operadores dizem que é difícil dizer como esse mercado se
comportará nos próximos dias.
Liquidação
No curto tempo que durou o
pregão da Bovespa ontem, investidores se desfizeram dos papéis
que puderam.
As ações das companhias de telecomunicações, papéis de grande liquidez, estiveram entre as
que mais apanharam. No topo
das perdas ficou o papel preferencial da Tele Nordeste Celular, com
desvalorização de 28,4%.
Um chefe de mesa de um grande banco disse que única ordem
ontem era vender ações, o que
distorceu muito os preços.
"Não podemos considerar o
pregão de hoje [ontem" como parâmetro para analisar os preços
das ações. A reação dos investidores foi bastante emocional", afirma o diretor da corretora Supra,
Wagner Soares de Andrade.
Quando o pregão foi encerrado,
apenas 1 das 56 ações que formam
o Ibovespa -o principal índice
da Bolsa- era negociada em alta.
A Bolsa de Valores de São Paulo
apenas não caiu mais intensamente porque as ações preferenciais da Petrobras, que concentraram os negócios no dia com 57%
dos R$ 171 milhões girados ontem, recuaram apenas 1,63%.
A turbulência no mercado fez o
Tesouro Nacional cancelar o leilão de títulos públicos que seria
realizado ontem.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), que também não
parou suas operações, os negócios com ouro foram destaque. O
volume de contratos de ouro saltou para R$ 793 mil, alta de quase
200% sobre o giro de segunda. O
valor do metal subiu 8%.
"O mercado parou pela tarde.
Alguns bancos interromperam
suas operações. Amanhã [hoje", a
tendência é o câmbio se acalmar,
e o dólar recuar um pouco", afirma o diretor de câmbio do banco
ING Barings, Diniz Pignatari.
O BC não deixou de atuar com a
venda de dólares pela manhã, segundo operadores.
Os juros futuros não escaparam
do nervosismo e voltaram a subir
no pregão da BM&F.
A uma semana da reunião do
Copom (Comitê de Política Monetária), que decidirá o rumo dos
juros no país, o contrato DI (juro
interbancário) de prazo mais curto fechou em 19,78% anuais.
Na Bolsa do Rio, o dólar negociado pelo sistema eletrônico saltou para R$ 2,657, alta de 2%. No
mercado paralelo, o "black" alcançou os R$ 2,70.
Hoje, a Bovespa volta a funcionar normalmente.
Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online
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