São Paulo, sábado, 12 de setembro de 2009

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Ex-presidente de Taiwan é condenado à prisão perpétua

Chen Shui-bian, defensor da independência da ilha, é acusado de corrupção durante o governo

DA REDAÇÃO

O ex-presidente de Taiwan Chen Shui-bian (2000-2008) foi declarado culpado ontem por corrupção, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos e sentenciado à prisão perpétua.
O ex-mandatário foi julgado, dentre outras acusações, por causar um desfalque de US$ 3,15 milhões em um fundo especial da Presidência. Além disso, ele teria recebido subornos de ao menos US$ 9 milhões. Parte desse dinheiro foi lavada por meio de bancos suíços.
"Chen usava sua experiência e sua posição para causar mal ao país. Por isso ele foi condenado à prisão perpétua", disse o porta-voz da corte distrital de Taiwan, Huang Chun-ming.
O ex-presidente alegou que o dinheiro do suborno era, na verdade, uma doação política. Ele também afirmou que o fundo presidencial foi destinado à "diplomacia secreta da ilha".
O ex-presidente, que preferiu continuar na prisão e não ir ao tribunal para a leitura do veredicto, afirmou que as acusações tiveram motivação política, e que foram orquestradas pelo governo chinês e pelo Kuomintang (KMT), o partido taiwanês situacionista.
A mulher dele, Wu Shu-chen, também foi condenada à prisão perpétua. Ela foi acusada de enviar dinheiro público a contas bancárias no exterior que estavam em nome de familiares.
Na semana passada, ela já havia sido declarada culpada por mentir à Justiça. O casal ainda terá de pagar uma multa de US$ 15 milhões.
Além deles, um filho e uma nora de Chen foram sentenciados a penas que variam de 20 a 30 meses de prisão, por crimes relacionados a eles.

Relações tensas
Chen foi o responsável por interromper o monopólio do poder mantido pelos nacionalistas do KMT por cerca de 50 anos. Ele ajudou a liderar um movimento pró-democrático em Taiwan, cuja primeira eleição multipartidária ocorreu apenas em 1996.
No entanto, enquanto esteve no governo, ele manteve tensas relações com Pequim -que considera Taiwan uma Província rebelde sua- e com os EUA, por ser um defensor da independência formal da ilha.
O ex-presidente está preso desde finais de 2008 e realizou duas greves de fome na prisão. Na metade do julgamento, ele despediu seus advogados para protestar por uma suposta "parcialidade judicial".
A condenação de Chen foi outro duro golpe ao Partido Democrático Progressista (PDP), que chegou ao poder com ele, mas que foi derrotado nas eleições presidenciais e legislativas de 2008 devido, em grande parte, aos escândalos envolvendo o ex-presidente.
Ao contrário de Chen, o atual presidente, Ma Ying-jeou, é favorável a uma maior aproximação com a China. Recentemente, ele firmou uma série de acordos econômicos com as autoridades de Pequim.
Mas sua popularidade caiu nos últimos meses, com a economia do país perdendo fôlego em meio à crise financeira mundial e com as acusações de que ele e seu governo responderam de forma muito lenta ao tufão Morakot, que devastou o sul de Taiwan no mês passado e causou mais de 600 mortes.
Na última segunda-feira, o primeiro-ministro, Liu Chao-shiuan, renunciou ao cargo, dizendo que alguém deveria assumir a responsabilidade em virtude dos resultados catastróficos do tufão.

Com agências internacionais



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