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Ex-presidente de Taiwan é condenado à prisão perpétua
Chen Shui-bian, defensor da independência da ilha, é acusado de corrupção durante o governo
DA REDAÇÃO
O ex-presidente de Taiwan
Chen Shui-bian (2000-2008)
foi declarado culpado ontem
por corrupção, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos e sentenciado à prisão
perpétua.
O ex-mandatário foi julgado,
dentre outras acusações, por
causar um desfalque de US$
3,15 milhões em um fundo especial da Presidência. Além disso, ele teria recebido subornos
de ao menos US$ 9 milhões.
Parte desse dinheiro foi lavada
por meio de bancos suíços.
"Chen usava sua experiência
e sua posição para causar mal
ao país. Por isso ele foi condenado à prisão perpétua", disse o
porta-voz da corte distrital de
Taiwan, Huang Chun-ming.
O ex-presidente alegou que o
dinheiro do suborno era, na
verdade, uma doação política.
Ele também afirmou que o fundo presidencial foi destinado à
"diplomacia secreta da ilha".
O ex-presidente, que preferiu continuar na prisão e não ir
ao tribunal para a leitura do veredicto, afirmou que as acusações tiveram motivação política, e que foram orquestradas
pelo governo chinês e pelo
Kuomintang (KMT), o partido
taiwanês situacionista.
A mulher dele, Wu Shu-chen,
também foi condenada à prisão
perpétua. Ela foi acusada de enviar dinheiro público a contas
bancárias no exterior que estavam em nome de familiares.
Na semana passada, ela já havia sido declarada culpada por
mentir à Justiça. O casal ainda
terá de pagar uma multa de
US$ 15 milhões.
Além deles, um filho e uma
nora de Chen foram sentenciados a penas que variam de 20 a
30 meses de prisão, por crimes
relacionados a eles.
Relações tensas
Chen foi o responsável por
interromper o monopólio do
poder mantido pelos nacionalistas do KMT por cerca de 50
anos. Ele ajudou a liderar um
movimento pró-democrático
em Taiwan, cuja primeira eleição multipartidária ocorreu
apenas em 1996.
No entanto, enquanto esteve
no governo, ele manteve tensas
relações com Pequim -que
considera Taiwan uma Província rebelde sua- e com os EUA,
por ser um defensor da independência formal da ilha.
O ex-presidente está preso
desde finais de 2008 e realizou
duas greves de fome na prisão.
Na metade do julgamento, ele
despediu seus advogados para
protestar por uma suposta
"parcialidade judicial".
A condenação de Chen foi
outro duro golpe ao Partido Democrático Progressista (PDP),
que chegou ao poder com ele,
mas que foi derrotado nas eleições presidenciais e legislativas
de 2008 devido, em grande parte, aos escândalos envolvendo o
ex-presidente.
Ao contrário de Chen, o atual
presidente, Ma Ying-jeou, é favorável a uma maior aproximação com a China. Recentemente, ele firmou uma série de
acordos econômicos com as autoridades de Pequim.
Mas sua popularidade caiu
nos últimos meses, com a economia do país perdendo fôlego
em meio à crise financeira
mundial e com as acusações de
que ele e seu governo responderam de forma muito lenta ao
tufão Morakot, que devastou o
sul de Taiwan no mês passado e
causou mais de 600 mortes.
Na última segunda-feira, o
primeiro-ministro, Liu Chao-shiuan, renunciou ao cargo, dizendo que alguém deveria assumir a responsabilidade em
virtude dos resultados catastróficos do tufão.
Com agências internacionais
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