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A DEFESA DE CLINTON
"O relatório se resume a detalhes da vida privada'
Leia abaixo o resumo dos principais pontos da defesa do presidente Bill Clinton, de acordo
com documento divulgado pelos
seus advogados.
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1. O presidente admitiu ter cometido erro
grave, uma relação não apropriada com Monica Lewinsky. Assumiu responsabilidade pelos seus
atos e desculpou-se perante o país, seus amigos, líderes de seu partido, o gabinete e, da
maior importância, perante sua família.
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2. Esse erro de âmbito particular não justifica um processo de impeachment. Manter relação extraconjugal é incorreto e isso é admitido
pelo presidente. Não é grande crime ou má
conduta. A Constituição afirma claramente
que o Congresso somente poderá conduzir um
processo de impeachment por motivos de
"traição, suborno ou outros grandes crimes e
má conduta". Essas palavras da Constituição
foram escolhidas cuidadosamente e após amplas deliberações.
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3. "Grandes crimes e má conduta" tinham
significado rígido para aqueles que redigiram
nossa Constituição e significavam erros cometidos contra nosso sistema de governo. A cláusula de impeachment foi elaborada para proteger nosso país de um presidente que usasse
seus poderes constitucionais contra a nação,
contra o povo americano, contra nossa sociedade. Jamais teve o propósito de impelir um corpo político a forçar o afastamento de um presidente por erro estritamente pessoal.
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4. Lembrem-se, este relatório baseia-se inteiramente em alegações obtidas por um júri
de inquérito, por centenas de páginas de alegações e "provas" que jamais seriam admitidas
em tribunal, que jamais foram vistas pelo presidente ou seus advogados e que não estiveram
sujeitas a interrogatório pela outra parte ou
por qualquer outro tipo de salvaguarda no
sentido de assegurar sua credibilidade.
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5. Júris de inquérito não foram criados para
buscar a verdade. Não asseguram -e nem deveriam fazê-lo- credibilidade, confiança ou
simples imparcialidade. Existem simplesmente para acusar. E, contudo, esse é o processo
que o promotor independente escolheu para
fornecer a "prova" para redigir esse relatório.
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6. A lei define falso testemunho muito claramente. Falso testemunho exige prova de que
um indivíduo o tenha cometido propositadamente, sob juramento. Respostas a perguntas
literalmente verdadeiras não é falso testemunho. Mesmo que uma resposta não atenda diretamente à pergunta feita, ela não será falso
testemunho se for verdadeira. Nenhum acusado tem obrigação de ajudar seu acusador.
Da mesma forma, respostas a perguntas
fundamentalmente ambíguas jamais podem
ser consideradas falso testemunho. E ninguém
pode ser condenado por falso testemunho
com base no depoimento de uma única pessoa.
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7. O presidente não cometeu falso testemunho. A maioria das brechas ilegais a sugerir
que seu depoimento foi falso testemunho descrevem-no com falsidades. Em primeiro lugar,
no caso Paula Jones, o presidente jamais afirmou que não tivesse estado a sós com Lewinsky. O presidente jamais testemunhou que
seu relacionamento com Lewinsky fosse o
mesmo que o mantido com qualquer outra estagiária. Ao contrário, admitiu terem trocado
presentes, ter conhecimento sobre ela estar
procurando emprego, ter recebido cartões e
bilhetes e conhecer outros detalhes de sua vida
pessoal, o que tornava óbvio que mantivesse
com ela um relacionamento especial.
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8. O presidente admitiu ter mantido uma relação sexual imprópria com Lewinsky. Em depoimento, respondeu laconicamente a perguntas ambíguas. Do ponto de vista legal, tais
respostas não poderiam dar margem a uma
acusação criminal de falso testemunho. Visto
ter o presidente admitido seu relacionamento,
a revelação de alegações sinistras e obscenas
somente pode ter o sentido de humilhar o presidente e forçá-lo a deixar o cargo.
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9. Não houve obstrução da Justiça. Acreditamos que Betty Currie testemunhou que Lewinsky pediu-lhe para guardar os presentes e
que o presidente jamais conversou com ela sobre eles. Quando questionado sobre isso, o
presidente admitiu ter presenteado Lewinsky
e ter sido presenteado por ela. O presidente jamais pediu a Lewinsky para livrar-se dos presentes e nunca pediu à sra. Currie para guardá-los. Acreditamos que o depoimento da sra.
Currie corrobora o do presidente.
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10. O presidente jamais procurou encontrar
um emprego para Lewinsky depois de ela ter
saído da Casa Branca, para com isso influenciá-la no depoimento no processo de Paula Jones. O presidente sabia que Lewinsky não estava satisfeita com o emprego no Pentágono depois de ela ter saído da Casa Branca e pediu ao
departamento pessoal da Casa Branca para ser
justo com ela em sua busca de um novo emprego. Jamais instruiu qualquer pessoa a contratá-la nem mesmo insinuou que fosse esse o
seu desejo. Nenhum emprego foi oferecido a
Lewinsky na Casa Branca depois de ela ter saído de lá, e parece bastante claro que caso o presidente assim tivesse ordenado, ela teria obtido um posto.
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11. O presidente não facilitou a entrevista de
Lewinsky com Bill Richardson ou conversas
dela com Vernon Jordan. Betty Currie perguntou a John Podesta se ele poderia ajudar Lewinsky em sua procura de emprego em Nova
York, o que resultaria em uma entrevista com
Bill Richardson. A sra. Currie colocou-a também em contato com seu amigo de longa data,
o sr. Jordan. O sr. Jordan deixou claro que os
fatos foram esses e, como pessoa física, é livre
para aconselhar profissionalmente qualquer
pessoa que julgue merecedora disso.
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12. Não houve tentativa de constrangimento
de testemunhas. Não estava previsto que Betty
Currie fosse testemunhar no caso Paula Jones.
Se ela não foi convocada ou se não iria ser convocada, era impossível ao presidente ter mantido qualquer conversa com ela no sentido de
falsificar seu testemunho. O presidente testemunhou que não fez nenhuma tentativa no
sentido de influenciar o depoimento dela.
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13. Não há "pontos a esclarecer". Diversos
vazamentos de informação ilegais fizeram dos
misteriosos pontos a esclarecer a prova de que
o presidente ou sua equipe tivessem tentado
comprar o falso testemunho com Monica Lewinsky ou Linda Tripp. O porta-voz do promotor afirmou que os "pontos a esclarecer"
eram até mesmo a "chave" para que Starr fosse
autorizado a investigar a vida particular do
presidente. Ao final, Lewinsky admitiu que os
pontos a esclarecer foram escritos somente
por ela (ou com a ajuda da sra. Tripp), e nenhuma pergunta sobre esses pontos foi feita ao
presidente em seu comparecimento ao júri de
inquérito.
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14. A invocação de privilégios não foi um
abuso de poder. A invocação de privilégios feita legalmente pelo presidente perante o tribunal aconteceu unicamente por recomendação
de seu Conselho e constituiu medida significativa validada pelos tribunais.
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15. Nem o presidente nem a Casa Branca tiveram qualquer participação no sentido de
impedir os esforços legítimos dos agentes do
Serviço Secreto de testemunharem a fim de
preservar sua função protetora. O presidente
jamais perguntou, dirigiu ou participou de
qualquer decisão referente ao privilégio dessa
prerrogativa. Da mesma forma, nenhum funcionário da Casa Branca jamais o fez. Os ministérios da Fazenda e da Justiça decidiram de
forma independente responder intimações judiciais, sem precedentes históricos, feitas pelo
departamento pessoal do Serviço Secreto, e
buscar o privilégio como forma de assegurar a
proteção desta e de futuras presidências.
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16. O presidente não cometeu abuso de poder ao permitir que sua equipe da Casa Branca
comentasse a investigação. O presidente admitiu ter enganado sua família, equipe e o país
sobre a natureza de seu relacionamento com
Lewinsky, desculpou-se por isso e pediu perdão. Contudo, esse erro no plano pessoal não é
abuso de poder criminoso. Se permitir que auxiliares repitam declarações enganosas é crime, então vários funcionários de alto escalão
são culpados de uso impróprio de seus postos,
desde que deixem de admitir erros em resposta a qualquer alegação sobre suas atividades.
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17. As medidas adotadas pelos advogados
da Casa Branca foram totalmente legítimas. A
Comissão de Justiça da Casa Branca forneceu
ao presidente e às autoridades da Casa Branca
recomendações substanciais e verdadeiras sobre os temas levantados durante esta investigação e que influenciaram os compromissos
oficiais do presidente. Isso foi particularmente
necessário considerando que o processo de
impeachment contra o presidente era um resultado possível das investigações do promotor desde o primeiro momento. De fato, no decorrer da investigação, o promotor apoiou-se
no Comitê da Casa Branca para ajuda na compilação de informações e para agendar entrevistas e comparecimento ao. As medidas eram
amplamente conhecidas pelo promotor por
meio da investigação e nenhuma objeção foi
levantada.
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Isso significa que o relatório do promotor se
resume simplesmente a detalhes do relacionamento sexual privado, descrito em minúcias e
com o intento de criar constrangimento. Consideradas as fracas e inconsistentes premissas
para as acusações, há total falta de provas confiáveis para se iniciar um processo de impeachment envolvendo o presidente. E o principal objetivo dessa investigação, e do relatório do promotor, é constranger o presidente e
inflamar a opinião pública, oferecendo-lhe um
documento pouco mais que um relato não
confiável e parcial sobre comportamento sexual.
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Onde está Whitewater? As alegações do promotor sabidamente omitem qualquer referência a delitos cometidos pelo presidente em
quaisquer áreas nas quais o sr. Starr empregou
quatro anos de investigação: Whitewater, os
arquivos do FBI e a agência de viagem da Casa
Branca. O que começou como um inquérito
sobre um negócio de 24 anos atrás em Arkansas terminou em um inquérito sobre encontros pessoais não apropriados entre o presidente e Monica Lewinsky. Apesar da natureza
extensiva das investigações do promotor sobre Whitewater, arquivos do FBI e assuntos referentes à agência de viagens, e mesmo com
sugestões progressivas sobre má conduta feitas pela mídia por mais de um ano, até agora o
promotor jamais censurou o presidente ou a
primeira-dama por atos nocivos.
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