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CRISE NA RÚSSIA
Gestão Primakov pode desacelerar reformas
Neocomunistas vão conduzir economia
JAIME SPITZCOVSKY
enviado especial a Moscou
O novo primeiro-ministro russo,
Ievguêni Primakov, após ser aprovado ontem no cargo por votação
no Parlamento, nomeou o neocomunista Iuri Masliukov vice-premiê responsável pela política econômica do governo.
É a primeira vez desde o fim da
URSS, em 91, que os autodenominados herdeiros do sistema comunista controlam um posto tão importante no governo da Rússia.
A confirmação de Primakov, um
ex-chanceler sem partido, suspende uma crise política que se arrastava desde 23 de agosto. A montagem de sua equipe mostra que a
Rússia abandona as reformas aceleradas pró-capitalismo em troca
de uma política favorável a maior
intervenção estatal na economia.
Primakov teve 317 votos a favor,
63 contra e 15 abstenções. Recebeu
apoio dos ieltsinistas, neocomunistas e da oposição liberal.
Ieltsin, 67, havia anunciado anteontem a indicação de Primakov,
68, depois de ver sua opção inicial,
Viktor Tchernomirdin, rejeitada
duas vezes por votação na Duma
(câmara baixa do Parlamento).
A bancada neocomunista, a
maior na Duma, comandava a resistência a Tchernomirdin, premiê
entre 92 e março passado.
Os neocomunistas o acusam de
responsável pela turbulência atual,
alimentada por instabilidade cambial, ressurgimento da inflação,
queda nas Bolsas e moratória parcial nas dívidas externa e interna.
O país atravessa sua pior crise
desde o fim do império soviético
em 1991. A URSS era um mosaico
formado por 15 repúblicas, e a
Rússia era a maior entre elas.
Primakov, que foi chefe do serviço de espionagem no início do governo Ieltsin, manteve alguns dos
principais ministros para contrabalançar a presença de neocomunistas no comando da economia.
Reformistas como o ministro da
Defesa, Igor Sergueiev, e o ministro do Interior, Serguei Stepashin,
seguem no gabinete. Igor Ivanov,
vice de Primakov na chancelaria,
assumiu o Ministério do Exterior.
Primakov pediu aos deputados
"trégua" de seis meses. Disse que
os tradicionais "cem dias" seriam
pouco para julgar seu governo.
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