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ORIENTE MÉDIO
Antiga prisão e cidade vítima de massacre também preservam sentimento de antagonismo com Israel
Memoriais marcam resistência e horror da guerra no Líbano
NO SUL DO LÍBANO
O Líbano decidiu simbolizar o
final dos quase 20 anos de ocupação israelense, ocorrida em 2000,
com a instalação de memoriais
em dois marcos da presença de Israel no sul libanês: a prisão de
Khiam e a cidade de Qana.
Apesar de oficialmente as obras
serem do governo libanês, na entrada desses locais, ao lado da
bandeira do cedro, está a verde e
amarela do braço armado do grupo extremista islâmico Hizbollah.
A prisão de Khiam foi usada por
Israel e pelo Exército do Sul do Líbano, de cristãos libaneses, para
encarcerar membros do Hizbollah até a retirada, em 2000. Ela fica no alto da vila de mesmo nome.
Quando Israel deixou o sul do
Líbano, os presos foram soltos, e
imediatamente o Hizbollah transformou a prisão em um símbolo
do que considera ser uma vitória.
Do muro da prisão, é possível
avistar, a poucos quilômetros de
distância, as fazendas de Chebaa,
ocupadas por Israel e ainda foco
de disputas na área. Para o Líbano
e a Síria, as fazendas estão no território libanês. Para a ONU, a área
é síria sob ocupação israelense. Israel só aceita desocupá-la após
um acordo de paz com Damasco.
Nas imediações da prisão, é
possível também fazer compras
de souvenires, que vão desde chaveiros com imagens de líderes do
Hizbollah até CDs com cenas dos
confrontos com os israelenses.
Logo ao se entrar na prisão,
diante de um canhão, está uma
parede com a pintura de uma
bandeira israelense sendo destruída. Em meio às celas, há uma
sala que aparenta ser de doutrinação de integrantes do Hizbollah.
Um salão onde estão sobras de
armas e roupas de israelenses deixadas após a desocupação virou
um museu. Alguns itens seriam
de soldados mortos pelo grupo.
Ao redor, fotos mostram os festejos do dia da retirada de Israel e
imagens de pessoas chorando por
vítimas de ações israelenses.
Qana é o local do massacre com
mais de cem mortos, na maioria,
crianças e mulheres, na ação israelense denominada "Vinhas da
Ira", em 1996, em resposta a ataques do Hizbollah. Um abrigo da
ONU foi bombardeado por Israel.
Um memorial foi construído no
local, onde estão fotos das vítimas
e de cenas do dia do ataque. O galpão onde estava a maior parte dos
mortos foi deixado como ficou.
Só os corpos foram retirados. As
balas dos tanques ainda estão lá.
Moradores se oferecem como
guias e dão a versão deles do ataque. Todos os mortos estão em
túmulos coletivos, no memorial.
O castelo de Beaufort, que serviu de QG israelense, está em reforma e deve ser aberto ao público
em breve, como outro símbolo da
desocupação.
(GUSTAVO CHACRA)
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