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IRAQUE SOB TUTELA
Seguidores de Al Sadr aderem ao plano de paz do governo interino; mais dois reféns são decapitados
Insurgentes trocam armas por dinheiro
DA REDAÇÃO
Integrantes do Exército Mehdi,
milícia ligada ao clérigo xiita radical Moqtada al Sadr, começaram
ontem a trocar suas armas por dinheiro no bairro de Sadr City, em
Bagdá. O plano de desarmamento
tem a duração prevista de cinco
dias, depois dos quais a polícia e a
Guarda Nacional iraquianas assumirão o controle da área.
"Entreguei minhas armas. Estou com o governo interino agora", disse Ahmed Hashem, que
ganhou US$ 1.100 por 22 granadas-foguetes. Os valores pagos
vão de US$ 5 (granada de mão) a
mais de US$ 1.000 (armas de alto
calibre), passando pelos US$ 50
que vale um fuzil AK-47.
Karim Bakhati, um líder tribal
xiita que participou das negociações para o desarmamento, disse
esperar que a paz volte ao bairro
pobre de 2 milhões de habitantes,
principal bastião da resistência
em Bagdá à presença de tropas estrangeiras no país. "Todos os
guerreiros que seguem Al Sadr
entregarão suas armas. Aqueles
que não o fizerem serão considerados rebeldes", disse Bakhati.
Abdul Karim al Saffar, uma autoridade iraquiana de segurança,
estima que serão gastos até US$
500 mil no programa de entrega
de armas. Para conseguir o acordo, o governo interino também
anunciou a disposição de investir
até US$ 500 milhões em melhorias para o bairro.
"Antes que o processo esteja
completo e antes que o governo
iraquiano esteja satisfeito, é muito
cedo para dizer que [o programa]
é um sucesso", disse James Hutton, porta-voz militar dos EUA.
As autoridades esperam reproduzir a iniciativa em outros locais.
Os dois lados, no entanto, têm
muitas desconfianças. Já foram
feitas diversas tréguas com os seguidores de Al Sadr -e nenhuma
delas durou mais do que 40 dias.
A principal aconteceu em agosto,
no fim do cerco a Najaf (sul). Os
insurgentes saíram com suas armas, e, pouco depois, os combates se intensificaram em Sadr City.
Também acontecem negociações de paz em Fallujah (oeste).
Representantes da cidade, onde é
forte a resistência sunita, reuniram-se com o ministro da Defesa
iraquiano, Hazim Shaalan.
Um site islâmico exibiu ontem o
vídeo da decapitação de dois reféns. Um deles é Maher Kemal,
empresário turco, e o outro, Luqman Hussein, um tradutor curdo.
Comunicados divulgados na internet afirmam que eles foram
mortos pelo grupo terrorista Ansar al Sunna, o mesmo que havia
reivindicado o assassinato de 12
nepaleses em agosto.
A rede de TV Al Arabiya reproduziu gravação em que três homens encapuzados ameaçam matar outro refém turco no prazo de
três dias, a menos que todos os cidadãos da Turquia deixem o país
e os prisioneiros iraquianos sejam
libertados das prisões.
Na zona sul de Bagdá, dois soldados americanos morreram durante um ataque com foguetes.
Em Mossul (noroeste), outro soldado morreu quando insurgentes
atacaram um comboio militar
dos EUA. Em Hit (oeste), os americanos bombardearam uma
mesquita depois que insurgentes
buscaram abrigo no local após
choque com marines.
Ameaça nuclear
A AIEA (Agência Internacional
de Energia Atômica) manifestou
ontem preocupação com o extravio de equipamentos de alta precisão das instalações nucleares do
Iraque, que poderiam ser usados
na fabricação de bombas.
Em carta ao Conselho de Segurança da ONU, Mohamed El Baradei, chefe da AIEA, disse que "o
desaparecimento desses equipamentos e materiais pode ter impacto na proliferação [de armas].
Qualquer nação que tiver informações sobre a localização desses
itens deve repassá-las à AIEA".
Com agências internacionais
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