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Turquia convoca embaixador nos EUA
Ação é protesto contra voto no Congresso americano que considerou genocídio o extermínio armênio
DA REDAÇÃO
A Turquia retirou ontem seu
embaixador de Washington,
"chamado a Ancara para consultas", em protesto contra moção votada na véspera pela Comissão de Relações Exteriores
da Câmara. O texto qualificou
de genocídio a morte de 1,5 milhão de armênios na Primeira
Guerra Mundial (1914-1918).
A Casa Branca se apressou
em se dissociar dos deputados,
para evitar uma degradação
maior de suas relações com a
Turquia, país vizinho ao Iraque
e seu aliado no Oriente Médio.
Um dos porta-vozes do presidente George W. Bush, Scott
Stanzel, declarou-se "desapontado" com o voto e afirmou que
"a Câmara, em lugar de debater
questões históricas do Império
Otomano, deveria se preocupar
com problemas do presente",
como assistência médica para
crianças.
O Império Otomano, monarquia islâmica que deu origem à
Turquia moderna, foi o autor
do primeiro genocídio do século 20, quando, em 1915, promoveu a deportação forçada e a eliminação física de armênios que
não se alinharam aos seus esforços bélicos. O governo turco
nunca admitiu ter ocorrido genocídio, argumentando que a
violência derivou da guerra.
Questão delicada
A questão é ainda delicada
entre os turcos, tanto que ainda
ontem Arat Dink, o filho de um
jornalista de origem armênia
assassinado neste ano por denunciar o genocídio, foi condenado a um ano de prisão por ter
republicado o controverso texto de seu pai. Falar em genocídio é considerado "insulto ao
sentimento nacional".
Além de retirar o embaixador
Nabi Sensoy, a Chancelaria turca convocou em Ancara o embaixador americano, Ross Wilson, para prestar esclarecimentos sobre a votação "inamistosa" no Congresso.
Wilson disse que Bush e a secretária de Estado, Condoleezza Rice, lamentavam a votação.
Rice, mais tarde, telefonou ao
presidente Abdullah Gul e ao
primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan para acalmá-los.
Em entrevista, Gul qualificou
o voto de "inaceitável" e afirmou que "infelizmente alguns
políticos americanos deixaram
de ouvir apelos à sensatez e
tentaram sacrificar uma grande questão à lógica de um jogo
político interno".
A moção -que será futuramente votada em plenário pela
Câmara, em Washington- levou à convocação de manifestações de rua em Ancara e Istambul. Jovens do Partido dos Trabalhadores, de extrema esquerda, tomaram a entrada da embaixada americana e grafitaram a bandeira turca.
"O genocídio armênio é uma
mentira imperialista", diziam
os manifestantes, que também
evocaram Mustafá Kemal Ataturk (1881-1938), fundador da
moderna República turca e seu
ex-presidente.
Os participantes do protesto
de Ancara também exortaram
o governo a fechar a base de Incirlik, ao sul da Turquia, utilizada pelos americanos para abastecer seus contingentes nas regiões centrais do Iraque.
Por sua vez, o presidente da
Armênia, Robert Kocharian,
disse estar satisfeito com a moção da Comissão de Relações
Exteriores e apelou à Turquia
para abrir negociações que estabeleçam relações diplomáticas entre os dois países.
Na terça, a Turquia aprovara
a invasão do norte do Iraque,
visando neutralizar as bases do
PKK, grupo separatista curdo.
O Curdistão, que é uma nação
mas não um Estado, se estende
por territórios, entre outros, da
Turquia e do Iraque.
Com agências internacionais
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