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POLÊMICA
Transformação de Edith Stein em santa gera protesto da comunidade judaica; religiosa se converteu ao catolicismo
Papa canoniza judia morta por nazistas
das agências internacionais
O papa João Paulo canonizou
ontem, na praça São Pedro, a religiosa alemã Edith Stein, que nasceu judia, mas se converteu ao catolicismo.
Stein, ou Santa Teresa Benedita
da Cruz, é provavelmente a primeira pessoa de origem judaica a
ser canonizada depois dos apóstolos. Durante a solenidade, o pontífice anunciou que o Shoah, genocídio judeu, será relembrado pela
Igreja Católica todos os anos no
dia 9 de agosto, dia da morte da
nova santa.
A alemã morreu no campo de
concentração de Auschwitz, na
Polônia, durante a Segunda Guerra. O papa condenou o Holocausto
e pediu que "jamais se repita uma
iniciativa criminosa similar para
nenhum grupo étnico, nenhum
povo, nenhuma raça, em nenhum
lugar da Terra".
Para o pontífice, o testemunho
de Stein deve solidificar cada vez
mais a ponte de recíproca compreensão entre judeus e cristãos.
Ele afirmou que Stein era "filha de
Israel e filha fiel da igreja".
Apesar do discurso de conciliação do papa, líderes judeus reagiram com indignação à canonização de Stein. Eles consideraram o
ato como um ofensa à memória
das vítimas do Holocausto.
"Isso é uma grande bofetada na
face da comunidade judaica", disse Efraim Zuroff, chefe do Centro
Simon Wiesenthal, em Jerusalém.
"O papa está mandando uma
mensagem extremamente negativa para a comunidade judaica de
que nos olhos da Igreja Católica os
melhores judeus são aqueles que se
converteram ao catolicismo."
A comunidade judaica diz que a
morte de Stein se deveu ao fato de
ela ser judia. A igreja diz que Stein
foi morta não só por sua origem,
mas por pertencer à Igreja Católica
da Holanda, cuja oposição ao nazismo gerou perseguição de judeus
convertidos ao catolicismo.
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