São Paulo, Sexta-feira, 12 de Novembro de 1999
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VIOLÊNCIA
Governo suspeita de ação de narcotraficantes em represália à volta de extradições para os EUA
Carro-bomba mata 7 na Colômbia

das agências internacionais


A explosão de um carro-bomba matou pelo menos sete pessoas e deixou 26 feridos num bairro de classe média alta em Bogotá, capital da Colômbia. A polícia crê na ação de narcotraficantes em retaliação à decisão da Suprema Corte do país de extraditar líderes do tráfico para julgamento nos EUA.
Foi o segundo atentado a bomba no país em menos de 48 horas. O primeiro não causou mortes, mas deixou oito feridos.
Autoridades disseram que o carro-bomba, que foi detonado às 10h em Bogotá (13h em Brasília), continha 80 kg de explosivos. A área afetada é residencial e comercial, e o impacto da explosão chegou a quatro quarteirões.
"Não passa de um ato covarde", disse o prefeito de Bogotá, Enrique Penalosa. Ele ofereceu uma recompensa de US$ 50 mil por informações que levem à prisão dos autores do atentado.
A suspeita das autoridades colombianas se deve à extradição do venezuelano Fernando José Flores, o "gordo", e do colombiano Jaime Orlando Lara, concedida pela Suprema Corte poucos dias atrás. Ainda há outros 48 pedidos de extradição a serem julgados pelo tribunal.
Os dois teriam ligações com o cartel de Cali -grupo de traficantes baseado naquela cidade. Flores seria homem de confiança dos irmãos Gilberto e Miguel Rodríguez, tidos como os maiores traficantes do cartel.
Essas são as primeiras extradições concedidas pela Colômbia desde 1991, quando a Constituição foi alterada, proibindo a extradição de colombianos, numa tentativa de aplacar a onda de atentados promovida por narcotraficantes na época.
A campanha de atentados de 1991 foi liderada pelo traficante Pablo Escobar Gavíria, um dos maiores do país e chefe do cartel de Medellín, morto em 1993.
Em 1997, a Constituição foi reformada novamente, voltando a permitir o processo.
"Não temos provas de que foi um ato de traficantes, mas não vamos nos deixar intimidar", afirmou o prefeito Penalosa.
A Colômbia produz cerca de 80% de toda a cocaína do mundo e é o maior fornecedor de drogas para os EUA. Washington dá dinheiro e apoio logístico para o combate ao tráfico.
Guerrilheiros de esquerda mantêm o país em guerra civil e são acusados de colaborar com o tráfico em troca de recursos. Dão segurança a plantações e a laboratórios clandestinos e usam aviões e pistas de pouso dos cartéis de Cali e Medellín, segundo os EUA.


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