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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Convocação do administrador dos EUA em Bagdá é repentina; membros do governo vêem mudanças na ocupação

Bremer viaja às pressas para Washington

Damir Sagolj/Reuters
Membro da infantaria americana retira criança iraquiana de uma casa durante operação de busca em Gritz, no noroeste do Iraque


DA REDAÇÃO

O administrador americano do Iraque, Paul Bremer, viajou ontem às pressas para consultas em Washington, onde se reuniu com o secretário de Estado, Colin Powell, o da Defesa, Donald Rumsfeld, e a assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice. O movimento deixa entrever a possibilidade de mudanças no processo transitório no país ante a violência crescente em pouco mais de seis meses de ocupação.
A convocação foi inesperada. Além de o diplomata ter voltado há menos de duas semanas de Washington, ele precisou desmarcar uma reunião com o premiê polonês, Leszek Miller, que está visitando o Iraque. A Polônia é o país com maior número de soldados no Iraque depois dos EUA e do Reino Unido.
Funcionários da Casa Branca que falaram sob condição de anonimato ao jornal americano "The Washington Post" e à agência de notícias Reuters afirmaram que a viagem de Bremer indicaria que há "decisões a serem tomadas". O governo americano estaria, segundo o jornal, estudando mudanças na estrutura e nos prazos da transição, incluindo aqueles que envolvem a promulgação de uma nova Constituição e a promoção de eleições.

Turbulências
Bremer assumiu a administração do Iraque em maio, substituindo o general da reserva Jay Garner, que comandou o país por menos de um mês. Em setembro, o diplomata propôs à Casa Branca um plano de sete pontos para passar o poder aos iraquianos.
Entretanto, as últimas semanas foram de extrema violência no Iraque, pontuadas por atentados contra civis iraquianos e ataques às tropas de ocupação, incluindo a derrubada de dois helicópteros americanos. Diante da insurgência, os EUA não têm conseguido apoio -militar ou financeiro- de outros países para reduzir seu investimento na ocupação.
Além disso, o Conselho de Governo Iraquiano, que serve como consultor da Autoridade Provisória da Coalizão e foi encarregado de traçar um cronograma de transição até 15 de dezembro, tem tropeçado em dificuldades para delinear o processo constitucional.
Alguns funcionários do governo americano afirmam que o atraso seria proposital e visaria obter maior poder para o conselho. Também há críticas quanto à eficiência da entidade como canal de comunicação entre os iraquianos e a administração americana, já que vários dos membros do grupo são vistos com desconfiança pela população.
"[O governo] está começando a perceber que as coisas não vão seguir aquele caminho [proposto por Bremer]. Precisamos de um governo provisório ao qual possamos dar alguma autoridade. O processo político é um trabalho contínuo", afirmou um funcionário da Casa Branca ao "Post".
Em outubro, o presidente George W. Bush determinou que Condoleezza Rice passasse a centralizar as decisões sobre o Iraque. A decisão gerou desconforto no Pentágono, que até então vinha gerindo as operações.

Dia dos Veteranos
Em discurso ontem para marcar o Dia dos Veteranos, Bush lamentou a morte de soldados americanos no Iraque -foram 151 até agora, somente em ataques no pós-guerra- e afirmou que os EUA estão dando ao Iraque "uma chance para a liberdade e a democracia".
Durante o discurso, o presidente atribuiu os constantes ataques contra suas tropas no país a simpatizantes do regime deposto e extremistas islâmicos ligados às redes terroristas Al Qaeda -a organização responsável pelo 11 de Setembro- e Ansar al Islam.

Com agências internacionais

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