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Líderes tribais dizem não poder ajudar os EUA
SUSAN SACHS
DO "NEW YORK TIMES" EM FALLUJAH
Como líder tribal na cidade
mais tensa do Iraque, o xeque
Khamis el Essawi conheceu tantos comandantes americanos nos
últimos sete meses que nem consegue enumerá-los.
Todos lhe pediram a mesma
coisa: que usasse sua autoridade
para pôr fim aos ataques de guerrilha contra os soldados.
Khamis -cuja tribo, os Buessa,
controla uma região fértil ao longo do rio Eufrates- diz que continua dando a mesma resposta:
que sua influência não é mais a
mesma.
"Toda vez que chega um novo
grupo [militar], os comandantes
nos chamam e nos dizem a mesma coisa", disse o xeque no último sábado, após se reunir com o
general John Abizaid, chefe do
Comando Central Americano e
seu visitante mais graduado até
agora. "Mas eles não entendem
que os xeques não podem controlar essa gente que está promovendo os ataques. Pode acreditar, eles
não vão me ouvir."
No sul do país, onde predominam os xiitas, um grupo coeso de
clérigos se estabeleceu como autoridade regional logo que os
combates terminaram oficialmente, em maio, pedindo a seus
seguidores que tolerassem a ocupação. No norte, dominado há
anos pelos curdos, a violência
também tem sido bem menor.
Mas em Fallujah e em cidades
semelhantes na região do Triângulo Sunita, no noroeste do Iraque, Saddam Hussein dizimou de
tal forma a hierarquia social natural que nenhum grupo pôde ainda preencher o vácuo aberto com
o fim de seu regime.
"Sentimos falta do apoio que o
governo costumava nos dar", disse Khamis. "Agora é o Estado que
vem nos pedir ajuda."
Potências imperiais que ocuparam a região no passado, como os
turcos otomanos e depois os britânicos, mantinham a ordem na
região mantendo as tribos ocupadas com problemas internos ou
comprando sua lealdade com terras. A nova potência ocupante recorreu à mesma fórmula, mas
mudou os ingredientes e não obteve resultados.
Sob o governo de Saddam, os líderes tribais eram uma extensão
do partido Baath, o que os fazia
parecer irrelevantes para muitos
de seus seguidores. Em 1990, o ex-ditador dissolveu ainda mais a autoridade tribal com sua "campanha de fé", que impôs uma classe
de clérigos sunitas militantes acima dos líderes tribais.
Desde a tomada de Bagdá, em
abril, cinco comandantes americanos diferentes tentaram conter
a violência em Fallujah, uma cidade de 450 mil habitantes que vivia
praticamente à custa de favores
da ditadura de Saddam.
Quase todos os dias, bombas explodem na cidade ao lado de comboios americanos, granadas-foguetes são disparadas contra patrulhas ou soldados invadem a casa de suspeitos. Nas ruas principais da cidade, há faixas novas
exortando as pessoas a matarem
"traidores" iraquianos e soldados
americanos. A prefeitura, onde
trabalha um prefeito nomeado
pelos EUA, é alvo constante de
granadas-foguetes.
Ainda assim, o novo comandante americano na região está
confiante e acredita ter achado a
melhor combinação entre a força
militar, a persuasão e a expectativa de um futuro melhor.
"É isso que oferecemos", disse o
coronel Brian M. Drinkwine, da
82ª Divisão Aerotransportada,
que assumiu o cargo há dois meses. "Se Fallujah e suas proximidades estiverem seguras, a coalizão e a comunidade internacional
vão investir aqui."
O coronel Drinkwine realocou
milhares de dólares para restaurar escolas e hospitais e, como seu
conselheiro para questões tribais
e religiosas, escolheu um jovem
médico de origem árabe em sua
tropa, o recruta Khaled Dudin.
Mas nada é simples em Fallujah,
com sua mistura de líderes tribais,
aspirantes ao poder, clérigos de
diferentes correntes e uma população marcada pela hostilidade
contra os EUA.
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