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Índios bloqueiam estrada exigindo emprego
DO ENVIADO A ORELLANA
A visita da Folha ao Bloco 31,
de pouco menos de 24 horas,
teve momentos tensos quando
três índios quíchuas derrubaram uma árvore ao longo da estrada atrás do acampamento,
bloqueando, por quase uma
hora, a volta do microônibus
onde estava a reportagem.
O incidente ocorreu no final
da tarde, quando já começava a
escurecer. Durante quase todo
o impasse, a reportagem foi
orientada a ficar dentro do veículo, enquanto funcionários da
Petrobras negociavam com os
indígenas. Vivem na área de influência do projeto cerca de
700 quíchuas, mais acostumados à presença de estrangeiros,
e outros 70 waoranis, tradicionalmente mais isolados.
Dois deles estavam no microônibus -pouco antes,
quando voltavam de uma caçada e armados de espingardas,
haviam pedido uma carona.
Em conversa enquanto o impasse não era revolvido, o quíchua Gustavo Tape, 43, disse,
sobre a presença da Petrobras,
que "o medo é que os animais
de caça fujam com o barulho
das máquinas".
Tape, por outro lado, elogiou
os benefícios concedidos pela
empresa, como a doação de
materiais de construção e a distribuição, há um ano, de cerca
de US$ 1.000 por família.
Quando o protesto parecia
resolvido, o microônibus se
aproximou para iluminar a árvore enquanto funcionários
cortavam seu tronco.
A repórter fotográfica Johanna Cortés desceu do veículo, mas, quando tentou tirar fotos, teve o equipamento arrancado por um dos indígenas. Bêbado, exigiu que as imagens
fossem apagadas e que voltássemos ao veículo.
Cerca de dez minutos mais
tarde, um trator da Petrobras
finalmente removeu o tronco,
liberando a passagem.
Mais tarde, no acampamento, um dos funcionários envolvidos na negociação explicou
que os indígenas -três irmãos- exigiam ser contratados pela Petrobras, como na
época da construção da estrada, quando foram empregadas
50 pessoas da comunidade.
Atualmente, apenas dez indígenas trabalham na Petrobras,
com um salário de US$ 310.
Para Elizabeth Bravo, da
ONG Ação Ecológica, ações
compensatórias e indenizatórias como as promovidas pela
Petrobras fazem com que os indígenas passem a ficar dependentes das empresas, atraindo-os para viver em seu entorno.
"Na Repsol, que atua ao lado, é
fornecida comida todos os dias,
provocando uma alteração cultural imensa", exemplifica.
(FM)
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