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Senado do Uruguai vota pelo aborto; Tabaré vetará
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
O Senado do Uruguai aprovou ontem a descriminalização
do aborto no país, mas o presidente Tabaré Vásquez já anunciou que vetará a lei.
O texto aprovado autoriza a
mulher a interromper a gravidez durante os três primeiros
meses de gestação por razões
econômicas, familiares, etárias
ou de saúde. A lei atual, de 1938,
prevê prisão de até nove meses
para a mulher que abortar
-prática permitida somente
em casos de estupro ou risco de
morte para a mãe, os mesmos
previstos no Brasil.
O projeto, que dividiu o debate público no Uruguai, foi patrocinado pela própria coalizão
governista, a Frente Ampla.
Aprovado na semana passada
por margem estreita (49 a 48)
na Câmara dos Deputados, foi
reenviado com mudanças pontuais ao Senado, onde já havia
sido ratificado.
O placar de ontem no Senado
marcou 17 votos a favor (todos
da Frente Ampla) da lei e 13
contra, dos partidos de oposição Nacional e Colorado.
A lei tem apoio de 57% dos
uruguaios, sobretudo jovens
(65%), de nível socioeconômico alto (67%), votantes da
Frente Ampla (72%) e sem religião (80%), apontou pesquisa
da consultoria Interconsult em
outubro. Disseram desaprovar
a lei 42% dos entrevistados.
Para o instituto Cifra, a opinião pública sobre o tema se
manteve estável nos últimos
anos no Uruguai: cerca de metade da população é a favor da
liberação do aborto e quatro em
cada dez pessoas se opõem.
O esquerdista Vásquez, católico e médico oncologista, cita
razões "filosóficas e biológicas"
para vetar a lei. Alinha-se, nesse ponto, com a Igreja Católica,
que defendeu, pelo arcebispo
de Montevidéu, Nicolás Cotugno, a excomunhão de congressistas que votassem pela liberação do aborto.
Estima-se que cerca de 30
mil abortos clandestinos sejam
realizados por ano no Uruguai,
afirmam defensores da descriminalização, que também
apontam o ônus social causado
pelo custo do procedimento
(em torno de US$ 1.000).
Pela lei aprovada ontem, o
aborto na rede pública de saúde
seria gratuito.
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