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Itália propõe reforma que faz ações contra premiê prescreverem
Projeto estipula teto de seis anos para processos contra réu sem antecedente criminal e com pena máxima de dez anos
Silvio Berlusconi é acusado de suborno e de fraude fiscal em dois processos reabertos após rejeição de imunidade pelo Tribunal Constitucional
DA REDAÇÃO
O governo da Itália propôs
ontem um projeto de reforma
da Justiça que, se aprovado,
provocará a prescrição de dois
processos contra o premiê Silvio Berlusconi, reabertos depois da anulação da lei que lhe
garantia imunidade judicial, há
um mês.
Segundo o gabinete do líder
conservador, o texto produzido
em acordo com o presidente da
Câmara dos Deputados, o aliado Gianfranco Fini, poderia ser
submetido ontem ao Senado.
O projeto, ainda sem muitos
detalhes, prevê que processos
contra réus sem antecedentes
criminais não durem mais de
seis anos -atualmente o teto é
de dez anos-, até dois em cada
instância judicial, e cujas penas
possam chegar a até dez anos.
Processos dentro desses parâmetros que ultrapassem seis
anos serão, portanto, considerados prescritos se a reforma
do Justiça vier a ser aprovada.
São os casos dos dois processos envolvendo Berlusconi. No
primeiro deles, em que o premiê direitista é acusado de pagar US$ 600 mil ao advogado
David Mills -condenado pelo
caso- para depor a seu favor
em processos na década de 90,
o início da ação completou seis
anos no último 30 de outubro.
No segundo caso, no qual
Berlusconi responde por fraude fiscal em uma operação de
compra de direitos de TV pelo
seu conglomerado de mídia, a
Mediaset, o processo completará seis anos no próximo dia
21. Uma audiência com o líder
já está marcada para segunda,
mas o governo pediu adiamento alegando ausência na data.
Os dois processos, interrompidos desde o ano passado, puderam ser reabertos devido à
anulação pelo Tribunal Constitucional da lei, apresentada por
Berlusconi logo depois de assumir para o atual mandato -em
maio de 2008-, que garantia a
imunidade na Justiça às quatro
mais altas autoridades do país.
A decisão motivou uma escalada verbal de Berlusconi contra "juízes comunistas" e a "imprensa de esquerda", além de
críticas ao presidente, o ex-comunista Giorgio Napolitano.
Desde então, o premiê e sua
coalizão conservadora buscam
alternativas para livrar o polêmico líder italiano, que se julga
perseguido pela Justiça, dos
processos em que ele é réu.
A decisão do Tribunal Constitucional foi tida como o maior
revés do atual mandato de Berlusconi e contribuiu para agravar a crise que atravessa o seu
governo desde a eclosão de escândalos sexuais envolvendo o
seu nome no meio deste ano.
A sucessão de eventos negativos levou ao aumento das pressões para que o premiê, 73, renuncie ao mandato, que tem final previsto para 2013, e convoque eleições legislativas antecipadas, o que Berlusconi rejeita.
A oposição acusa o governo
de fazer manobras exclusivamente em prol do chefe, mas,
desarticulada, não possui um
líder com chances reais de desafiá-lo em eventuais eleições.
Com agências internacionais
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