São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

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AMÉRICA LATINA

Trabalhadores que não aderiram à paralisação carregam navios; Exército retoma dois petroleiros amotinados

Chávez "fura" greve e envia petróleo aos EUA

DA REDAÇÃO

Trabalhadores da indústria petrolífera venezuelana que não aderiram à greve geral iniciada no dia 2 começaram a carregar ontem alguns petroleiros, na primeira vitória do governo contra os grevistas desde o fim da semana passada.
Segundo o governo, o petroleiro Marshall Chuikov viajou para os EUA levando 350 mil barris de petróleo. Outros três petroleiros com um total de 1,35 milhão de barris estariam sendo carregados e poderiam partir a qualquer momento.
A greve geral, convocada pela oposição para forçar o presidente Hugo Chávez a permitir a realização de um referendo sobre seu mandato, havia reduzido em um terço a produção de petróleo no país e paralisado completamente as exportações do produto.
A Venezuela é o quinto maior produtor mundial de petróleo. O produto responde por 80% das exportações do país.

40 petroleiros parados
"Rompemos o bloqueio que haviam imposto e estamos despachando petróleo para o mundo todo", afirmou o ministro do Petróleo, Rafael Ramírez.
Apesar disso, outros 40 petroleiros controlados pelos grevistas permaneciam, vazios, ancorados nos portos venezuelanos.
Os petroleiros Pilin León e Yavire, os primeiros a parar, no início da semana passada, foram retomados ontem à força por comandos da Marinha venezuelana. Os militares entraram nos navios por cordas, renderam as tripulações rebeldes e prenderam os capitães.
Opositores e chavistas voltaram a tomar as ruas de várias cidades do país para manifestações. A paralisação vem provocando uma crise de abastecimento. As filas nos bancos e nos supermercados, que aderiram parcialmente à greve, são maiores a cada dia.
Manifestantes chavistas voltaram ontem de madrugada a protestar contra os canais privados de TV, acusados de apoiar os protestos contra o governo. Anteontem, o escritório da TV Globovisión em Maracaibo (noroeste do país) chegou a ser depredado durante manifestação.

Proposta de eleição
Apesar do acirramento das posições dos organizadores da greve geral, alguns dos quais já exigem a renúncia de Chávez, deputados de ambos os lados fizeram declarações favoráveis a uma proposta de emenda constitucional para permitir eleições antecipadas.
Essa possibilidade de negociação dá alento às tentativas de diálogo mediadas pela OEA (Organização dos Estados Americanos), que até agora vêm produzindo resultados pífios.
Uma comissão formada para analisar a questão apresentaria uma proposta final em três dias, segundo o deputado chavista Rafael Jimenez, vice-presidente da Assembléia Nacional. O deputado opositor Felipe Mujica disse que a oposição "não se opõe ao plano".


Com agências internacionais


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