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EUROPA
Dez países serão convidados a aderir ao bloco, mas financiamento é problema
Cúpula histórica expande UE ao leste
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
A União Européia (UE) definirá, em sua cúpula que começa hoje, em Copenhague, na Dinamarca, sua expansão para o leste do
continente. Dez países deverão
ser convidados a aderir ao bloco
em 2004, porém desavenças relacionadas à ajuda financeira que
será concedida a esses Estados e à
eventual entrada da Turquia na
UE ameaçam tirar o brilho desse
encontro histórico.
Os dez novos membros -oito
do Leste Europeu, além de Chipre
e Malta- deverão juntar-se aos
atuais 15 Estados da UE em 2004,
após mais de quatro anos de difíceis negociações sobre inúmeros
temas, que vão dos direitos humanos à proteção do ambiente.
Com a ampliação, a UE ganhará
mais 70 milhões de habitantes,
chegando a 450 milhões, e selará a
reunificação do continente mais
de meio século após a Segunda
Guerra Mundial (1939-45).
Mas, embora a expansão seja
necessária politicamente, o processo não será simples em termos
práticos, de acordo com especialistas consultados pela Folha.
"A ampliação é um imperativo
político, pois a reunificação do
continente é simbólica. Contudo
ela não será bem-sucedida se não
houver uma reforma institucional
real, já que o peso de cada Estado
do bloco não poderá ser o mesmo
com a entrada de dez novos
membros", avaliou Michael Kreile, especialista em UE da Universidade Humboldt, de Berlim.
"Ademais, um ponto crucial no
que concerne à expansão é a ajuda
financeira que será dada aos novos membros, que, sem dúvida,
vêem na UE uma possibilidade de
aproximar-se do padrão de vida
dos Estados mais ricos da Europa.
Por enquanto, a soma que deverá
ser concedida é bem baixa, o que
poderá dificultar a aprovação popular nos referendos que serão
realizados nos países candidatos."
A Polônia lidera os esforços dos
candidatos no que se refere a pleitear um acordo mais vantajoso financeiramente para eles. Todavia
um bloco de países que já fazem
parte da UE -e que deverão perder parte da ajuda financeira que
recebem do bloco-, liderado pela Itália, pela Áustria e por Portugal, busca obter concessões dos
novos membros, visando a proteger seus interesses econômicos
pelo menos em parte.
Nas negociações ocorridas ontem entre os chanceleres dos 25
Estados envolvidos no processo
de ampliação da UE, a Eslováquia,
a Estônia e Chipre pareciam inclinados a aceitar os termos do acordo proposto por Bruxelas, que incluem um pacote de ajuda financeira de 40 bilhões a serem divididos entre os novos países-membros de 2004 a 2006.
As negociações sobre esse valor
irritaram a chanceler da Polônia,
Danuta Hubner, que as classificou de "discussões de mercadores
de tapetes". De acordo com os
analistas, ela tem motivos para
exasperar-se, pois, na média, esse
montante é bastante baixo.
"Na verdade, nos primeiros três
anos, cada europeu ocidental do
bloco deverá pagar cerca de 25
por ano para financiar a expansão
da UE, ou seja, 0,1% do PIB (total
de riquezas) dos 15 atuais membros. Por outro lado, descontada a
soma que os novos Estados terão
de pagar à UE, seus habitantes receberão 120 por ano, ou seja,
2,5% do PIB desses países", disse
Françoise de La Serre, do Instituto
de Estudos Políticos de Paris.
Esses números mostram que a
ampliação será feita a custo baixo,
abrandando as preocupações de
alemães e franceses, que temiam
que os gastos fossem elevados demais. Contudo isso também indica que, ao menos em seus primeiros anos no bloco, os novos membros terão um status inferior ao
dos atuais países da UE.
Turquia
Os participantes da cúpula na
Dinamarca, que preside a UE
atualmente, também terão de lidar com a espinhosa questão da
eventual adesão da Turquia ao
bloco. Washington pressiona os
países europeus a aceitar os turcos, pois a Turquia será vital se os
EUA decidirem atacar o Iraque.
"Minha administração trabalha
duro pela Turquia", declarou
George W. Bush anteontem. Os
europeus deverão aceitar dar início às negociações com os turcos
em meados de 2005, mas Ancara
gostaria que isso ocorresse antes.
Com agências internacionais
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