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Internet mostra divisão entre muçulmanas
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
"Eu prefiro que me atirem na
cadeia se me obrigarem a andar
num local público sem meu véu."
Quem desabafa é uma jovem
francesa islâmica, conhecida pelo
pseudônimo de Wissan.
Mas sua vocação ao martírio
não é compartilhada por outra jovem muçulmana, Rosa de Maio:
"O véu é um símbolo da submissão da mulher ao homem".
Outra garota muçulmana, conhecida apenas por Shami: "Eu
gosto de sair à rua de minissaia, de
mostrar as minhas pernas, de exibir a pele de minhas costas".
Os três depoimentos foram feitos ontem, pouco depois do meio-dia, num fórum da internet francesa. Em meio a duas dezenas de
muçulmanas, elas se exprimiam
sobre o relatório Stasi no web site
da UOIF (União das Organizações Islâmicas da França), confederação das entidades moderadas
dessa minoria religiosa.
Os exemplos refletem uma divisão entre as jovens quando está
em jogo a repressão oficial aos
símbolos religiosos.
A Folha fez ontem quatro telefonemas à UOIF, em busca de
uma reação. A decisão de Lhaj
Thami Breze, presidente da entidade, foi a de não se pronunciar.
Ele foi indagado em meados de
outubro pelo jornal "Le Parisien"
sobre como reagiria à proibição
do véu. Sua resposta: ela seria interpretada pelos muçulmanos como uma injustiça, mas seria preciso respeitá-la.
Os muçulmanos seriam hoje
um obstáculo ao Estado francês
laico. Um Estado construído no
passado pelos republicanos para
neutralizar politicamente os católicos, que eram partidários da restauração da monarquia.
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