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São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

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Internet mostra divisão entre muçulmanas

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu prefiro que me atirem na cadeia se me obrigarem a andar num local público sem meu véu." Quem desabafa é uma jovem francesa islâmica, conhecida pelo pseudônimo de Wissan.
Mas sua vocação ao martírio não é compartilhada por outra jovem muçulmana, Rosa de Maio: "O véu é um símbolo da submissão da mulher ao homem".
Outra garota muçulmana, conhecida apenas por Shami: "Eu gosto de sair à rua de minissaia, de mostrar as minhas pernas, de exibir a pele de minhas costas".
Os três depoimentos foram feitos ontem, pouco depois do meio-dia, num fórum da internet francesa. Em meio a duas dezenas de muçulmanas, elas se exprimiam sobre o relatório Stasi no web site da UOIF (União das Organizações Islâmicas da França), confederação das entidades moderadas dessa minoria religiosa.
Os exemplos refletem uma divisão entre as jovens quando está em jogo a repressão oficial aos símbolos religiosos.
A Folha fez ontem quatro telefonemas à UOIF, em busca de uma reação. A decisão de Lhaj Thami Breze, presidente da entidade, foi a de não se pronunciar.
Ele foi indagado em meados de outubro pelo jornal "Le Parisien" sobre como reagiria à proibição do véu. Sua resposta: ela seria interpretada pelos muçulmanos como uma injustiça, mas seria preciso respeitá-la.
Os muçulmanos seriam hoje um obstáculo ao Estado francês laico. Um Estado construído no passado pelos republicanos para neutralizar politicamente os católicos, que eram partidários da restauração da monarquia.


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