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ONU é alvo de ataque terrorista em Argel
Grupo Al Qaeda no Magreb reivindica atentados diante de prédios das Nações Unidas e do governo; mortos são dezenas
Militância terrorista no país, que qualificou as Nações Unidas de "QG dos infiéis", não tem a mesma origem dos homens de Bin Laden
DA REDAÇÃO
Duas explosões na capital argelina, Argel, deixaram ontem
ao menos 60 mortos, segundo
apuração das agências de notícias -número que transformaria os atentados nos mais sangrentos do país na última década. O Ministério do Interior da
Argélia contou 26 mortos e ao
menos 177 feridos, mas os trabalhos de resgate ainda não haviam se encerrado.
Os alvos dos ataques, reivindicados pela Al Qaeda no Magreb Islâmico, foram escritórios da ONU e do governo argelino. Apesar do nome, a origem
da militância do grupo terrorista na Argélia não é a mesma dos
responsáveis pelo 11 de Setembro (leia texto nesta página).
Em comunicado na internet,
o grupo afirma que o ataque
"recorda aos cruzados que ocupam nossa casa e usurpam nossas riquezas de que devem ouvir bem as exigências (...) do
nosso emir, Osama bin Laden,
senão as espadas dos mujahidin do Magreb Islâmico cairão
sobre suas cabeças".
O texto, cuja autenticidade
ainda não havia sido comprovada por fonte independente, revela os nomes dos suicidas que
conduziram os dois carros-bomba: Abdul Rahman al Aasmi e Ami Ibrahim Abou Othman, os quais "golpearam os
cruzados e seus agentes escravos dos EUA e filhos da França". O mesmo comunicado referia-se à ONU como "QG dos
infiéis internacionais".
O ministro do Interior da Argélia, Noureddine Yazid Zerhouni, disse que os extremistas
já tinham a ONU em mira.
A primeira explosão, ocorrida às 9h30 locais (6h30 no horário de Brasília) e separada da
segunda por cerca de dez minutos, ocorreu no bairro de
Hydra, que abriga embaixadas
e residências de diplomatas e é
permanentemente vigiado pela
polícia. O ataque atingiu escritórios do PNUD (Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento) e do Acnur (agência da ONU para refugiados).
A porta-voz da ONU Marie
Okabe informou em Nova York
que ao menos 11 membros de
sua equipe morreram e que
ainda há vários desaparecidos.
O secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, condenou os
atentados, qualificando-os de
"inaceitáveis" e "injustificáveis". O ataque trouxe à memória o atentado de 2003 às instalações da instituição em Bagdá,
quando foram mortas 22 pessoas, entre elas o brasileiro Sérgio Vieira de Mello.
A segunda explosão foi diante do Conselho Constitucional
da Argélia, no bairro de Ben Aknoun. O conselho julga a constitucionalidade das leis argelinas e supervisiona as eleições
no país. O impacto atingiu, entre veículos e pessoas nas redondezas, um ônibus escolar.
Segundo o "New York Times",
o veículo levava alunos da Universidade Ben Aknoun.
"Nós condenamos veementemente os ataques terroristas
aos escritórios das Nações Unidas por esses inimigos da humanidade", declarou o presidente dos EUA, George W.
Bush, que anunciou neste ano a
abertura de um comando militar regional específico para a
África, com o objetivo expresso
de combater o terrorismo.
Nicolas Sarkozy, presidente
da França, antiga metrópole da
Argélia, também se manifestou, chamando os atentados de
"odiosos e covardes".
Condenações e condolências
partiram ainda da União Européia, do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e do governo da
Espanha. Desde 1992, quando o
governo do país e o Exército
uniram-se para invalidar uma
eleição que seria vencida por
radicais islâmicos, a Argélia foi
palco de atentados freqüentes.
Houve uma redução relativa
dos ataques entre 1999 e o ano
passado, mas este ano marcou o
ressurgimento do terrorismo
com força: atentados mataram
mais de cem pessoas.
Com agências internacionais e o "New York Times"
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