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Flerte de região com Irã é má ideia, afirma Hillary
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ameaçou países da América Latina
que se envolverem com o Irã,
pedindo que estes pensem duas
vezes, pois poderão sofrer consequências. Embora ela tenha
citado apenas Bolívia e Venezuela pelo nome, ela falou de
"uma série" de outros.
O aviso acontece duas semanas depois de o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva
ter recebido Mahmoud Ahmadinejad no Brasil, visita que
criou um certo grau de tensão
entre Brasília e Washington.
Na sequência, o presidente iraniano foi a Bolívia e Venezuela.
"Nós estamos bem cientes
dos interesses do Irã de se promover numa série de outros
países -Venezuela e Bolívia,
como você mencionou- e nós
podemos dizer apenas que é
uma ideia realmente ruim para
os países envolvidos", disse a
chanceler, em evento sobre a
diplomacia do governo de Barack Obama na América Latina,
ontem de manhã, na sede do
Departamento de Estado.
"Se as pessoas querem flertar
com o Irã, deveriam prestar
atenção a que as consequências
podem muito bem ser contra
elas, e eu espero que pensem
duas vezes e nós vamos as
apoiar se fizerem isso", disse,
sob aplausos -ela respondia à
pergunta de um dos participantes do evento, que quis saber se
os EUA se preocupavam com a
crescente presença de China e
Irã na América Latina.
"Esperamos que haja um reconhecimento de que esse [o
Irã] é importante patrocinador
e exportador de terrorismo no
mundo hoje", continuou Hillary. "A Guarda Revolucionária do Irã, que está aumentando
seu controle no país por conta
das eleições, que foram um
exemplo acabado de abuso de
direitos humanos em ação, está
profundamente envolvida na
economia, assim como em
questões de segurança."
Hillary citava a contestada
eleição presidencial de junho,
na qual Ahmadinejad foi eleito
para um segundo mandato e
manifestantes contrários ao resultado foram reprimidos com
violência. Analistas acreditam
que a Guarda Revolucionária
saiu fortalecida do episódio na
estrutura interna do regime
dos aiatolás.
Falcões
A secretária de Estado é considerada um dos "falcões" do
governo Obama na questão iraniana, defendendo um enfoque
mais duro da Casa Branca em
relação a Teerã do que o adotado pelo presidente democrata.
Quando ela e Obama ainda
disputavam a indicação do partido, na corrida eleitoral do ano
passado, Hillary causou espécie
ao dar entrevista em que dizia
que, se eleita presidente, iria
"destruir totalmente" o Irã, caso o país atacasse Israel.
Ontem, em encontro com
jornalistas logo depois da fala
de Hillary, Arturo Valenzuela,
secretário-assistente para Assuntos do hemisfério Ocidental
do Departamento de Estado e
subordinado dela, não soube
dizer a que "consequências" a
secretária se referia quando citou os países da região.
"Não estou a par", respondeu
Valenzuela, que pediu que a
própria secretária fosse consultada sobre o assunto.
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