São Paulo, quarta, 13 de janeiro de 1999 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice IMPEACHMENT Larry Flynt, dono da revista masculina "Hustler", acusa deputado anti-Clinton de adultério e falso testemunho Caso Lewinsky traz "febre de acusações'
MARCELO DIEGO de Nova York No aniversário de um ano do caso Lewinsky-Clinton, a onda denunciatória atingiu mais um político norte-americano ontem. O representante (deputado) republicano Bob Barr foi acusado de infidelidade, hipocrisia e de mentir sob juramento (falso testemunho). As denúncias partiram de Larry Flynt, o dono da revista masculina "Hustler", que está premiando com US$ 1 milhão as pessoas que trouxerem à tona escândalos sexuais de políticos. Flynt é pró-Clinton. Ele já havia causado uma reviravolta nos EUA ao tornar público em dezembro que outro representante republicano, Bob Livingston, tinha cometido adultério. Livingston reconheceu o fato e renunciou ao cargo de presidente da Câmara, para o qual havia sido indicado pelo partido (majoritário e oposicionista ao presidente). Barr, o novo acusado, foi um dos maiores opositores do presidente Clinton durante a tramitação do processo de impeachment na Câmara. Dois artigos (obstrução de Justiça e falso testemunho) foram aprovados e enviados ao Senado, que começa a debatê-los amanhã. Reiteradas vezes Barr disse que não seria possível perdoar o presidente por mentir. E Flynt o acusa de ter feito a mesma coisa. Em 1983, Barr teria pago uma cirurgia abortiva para sua então mulher, Gail. Em 1986, durante o processo de divórcio, ele disse à Justiça ter sido contrário ao aborto. Gail diz que é mentira e teria documentos, com a assinatura de Barr, para provar. O representante também foi acusado de ter começado um relacionamento amoroso com Jeri (sua atual mulher) antes de se divorciar de Gail. Barr não quis comentar as denúncias. E Flynt, em uma entrevista coletiva, resumiu o motivo de estar promovendo uma "caça às bruxas" na vida íntima dos políticos: "Como este sujeito (Barr) tem coragem de acusar o presidente?". Ontem, completou um ano desde que Linda Tripp (ex-funcionária da Casa Branca) entregou ao promotor independente Kenneth Starr uma série de fitas gravadas com Monica Lewinsky. As conversas davam indícios de que Lewinsky e Clinton tiveram um caso. Para escondê-lo, Clinton teria atropelado a lei. Por isso está sofrendo processo de impeachment. Para ser removido do cargo, no entanto, é preciso o voto de 2/3 dos senadores (100 no total, sendo 45 democratas e 55 republicanos). ² Agenda A Casa Branca continua com sua política de não comentar fatos relacionados ao impeachment. Ontem, o porta-voz Joe Lockhart anunciou oficialmente que o presidente irá comparecer no Congresso, terça-feira, para o tradicional discurso sobre o Estado da União. Senadores de ambos os partidos sugeriram a Clinton que seria melhor não discursar. "O presidente não vê motivos para mudar sua agenda", disse Lockhart. Nova pesquisa do jornal "USA Today" confirma a posição dos americanos contra o impeachment (veja quadro ao lado). 63% dos entrevistados se disseram contra o afastamento do presidente. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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