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São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Especialistas da ONU dizem que país tem mísseis de alcance superior ao permitido; nova resolução é debatida no CS

Iraque é acusado de ter mísseis proibidos

Leila Gorchev/France Presse
Militar limpa um jato F/A-18 decorado com a águia dos EUA, a bordo de um porta-aviões no Golfo


DA REDAÇÃO

Especialistas em mísseis contratados pelos inspetores de armas da ONU disseram ontem ter encontrado mísseis iraquianos com alcance superior ao máximo de 150 quilômetros permitidos por resoluções do Conselho de Segurança (CS).
A descoberta deve alimentar os argumentos dos EUA em suas manobras diplomáticas para que os países do CS reconheçam que o regime de Bagdá continua a desafiar resoluções da ONU.
O embaixador americano na ONU, John Negroponte, afirmou que cabe ao chefe dos inspetores de armas, o sueco Hans Blix, recomendar o que deve ser feito sobre o assunto.
"O veredicto sobre os mísseis Al Samoud é que eles se enquadram na zona proibida, e seus motores devem provavelmente ser destruídos", disse um diplomata do CS, que pediu para não ter seu nome revelado.
A Unmovic (Comissão de Monitoramento, Verificação e Inspeção da ONU) havia convocado especialistas em mísseis à sede da entidade, em Nova York, para dois dias de discussões sobre o alcance dos mísseis Al Samoud 2 e Al Fatah.
Antes do encontro, Blix já havia dito há duas semanas que testes preliminares com ambos os tipos de mísseis indicavam que eles extrapolavam os limites impostos pelo CS de forma "significativa".
Os especialistas em armas da ONU afirmam que, juntamente com esses mísseis, o Iraque importou 380 motores de foguetes, produtos químicos usados na fabricação de combustíveis e instrumentos de teleguiagem.
Todos esses itens pertencem a uma lista de produtos vetados ao Iraque de acordo com as sanções impostas desde que o país invadiu o Kuait (1990), medida que deu origem à Guerra do Golfo (1991).
O embaixador iraquiano na ONU, Mohammed Aldouri, rebateu as acusações. "Acredito que esses mísseis estejam dentro do alcance acertado entre a ONU e o Iraque -isso significa menos de 150 km", declarou.
Blix planeja apresentar seu parecer sobre os programas de mísseis do Iraque durante a sua aguardada ida ao Conselho de Segurança amanhã. A maior parte dos chanceleres dos países-membros do CS deve estar presente.
A assessora de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, foi a Nova York anteontem pressionar Blix a declarar ao (CS) que o Iraque não cooperou para a destruição de seus arsenais não-convencionais. A inesperada visita de Rice é um sinal da preocupação de Washington com o conteúdo do relatório de Blix.
Antes mesmo de ele revelar suas conclusões, Washington e Londres já começaram a negociar o texto de uma nova resolução condenando o Iraque e autorizando o uso da força para desarmar o país.
Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca, disse que o documento deve fazer valer as advertências da resolução 1441, que previa "sérias consequências" caso Bagdá não cooperasse com os inspetores para o seu desarmamento.
O premiê britânico, Tony Blair, declarou ontem que ainda acredita ser "possível obter uma segunda resolução na ONU". E voltou a defender uma solução militar: "Uma guerra contra o Iraque seria preferível à continuação de sanções econômicas que vão matar milhares de inocentes".
Os americanos e os britânicos enfrentam oposição no CS por parte de países como França, Rússia e China -todos com direito a veto- que exigem que seja dado mais tempo aos inspetores da ONU antes de um ação militar.

Mais tropas
O Exército dos EUA, a Força Aérea e os fuzileiros navais convocaram 38.649 reservistas para intervir em uma possível guerra contra o Iraque, disse o Pentágono.
A nova convocação eleva o número total de reservistas mobilizados a 150.252. Os EUA devem ter cerca de 150 mil soldados na região do Golfo até o final desta semana. O Reino Unido está enviado cerca de 40 mil militares.

Com agências internacionais


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