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São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

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CRISE NA ÁSIA

Segundo diretor de agência, país teria "uma ou duas" armas nucleares, que poderiam ser levadas por foguetes

Míssil norte-coreano alcançaria EUA, diz CIA

Korea News Service - 10.fev.2003/Reuters
Acompanhado de oficiais do Exército, o líder norte-coreano, Kim Jong-il (ao centro), inspeciona uma academia de logística militar


DA REDAÇÃO

Dois altos funcionários americanos disseram ontem que a Coréia do Norte possui mísseis balísticos ainda não testados capazes de alcançar o oeste dos EUA. A afirmação foi feita ao comitê das Forças Armadas do Senado pelo vice-almirante Lowell Jacoby, diretor da Agência de Inteligência de Defesa, e depois confirmada pelo diretor da CIA (Agência Central de Inteligência), George Tenet, que o acompanhava.
Segundo Jacoby, o míssil norte-coreano é uma versão de três estágios do Taepo Dong 2. Relatórios de inteligência anteriores da CIA haviam dito que um míssil desse tipo provavelmente poderia levar uma carga do tamanho de uma arma nuclear através do oceano Pacífico. Tenet disse que a Coréia do Norte teria provavelmente "uma ou duas" armas nucleares primitivas.
Relatório divulgado pela CIA em dezembro de 2001 já dizia que o Taepo Dong 2 provavelmente estaria pronto para ser testado em breve. Dizia ainda que o míssil de três estágios poderia levar uma carga de centenas de quilos da Coréia do Norte a uma distância de cerca de 15 mil km, o suficiente para atingir quase todos os EUA.
Um míssil Taepo Dong 2 de dois estágios, com uma facilidade de uso maior, poderia atingir o Alasca ou o Havaí. Em 1998, a Coréia do Norte tentou colocar em órbita um satélite com o lançamento de uma versão anterior do Taepo Dong de três estágios, mas o equipamento falhou.

Acordo violado
A crise atual começou em outubro, quando os EUA disseram que o governo norte-coreano havia admitido manter um programa para enriquecimento de urânio, violando um acordo de 1994 no qual Pyongyang aceitava congelar seu programa nuclear em troca de ajuda econômica e fornecimento de energia.
Com isso, os EUA deixaram de fazer o envio de petróleo que o acordo previa, e a Coréia do Norte anunciou que recolocaria em funcionamento um reator nuclear, para produzir energia.
Em janeiro, o governo norte-coreano anunciou também a retirada do país do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Os EUA temem que o reator possa produzir material para armas atômicas. No início do ano passado, o presidente George W. Bush havia colocado a Coréia do Norte, ao lado de Irã e Iraque, numa lista de países que teriam armas de destruição em massa e ligações com grupos terroristas, no que chamou de "eixo do mal".
As revelações de ontem reforçam as críticas contra o governo americano por estar relegando a questão da Coréia do Norte para o segundo plano, enquanto concentra todos os seus esforços num possível ataque ao Iraque.
Questionado se a revelação não tornava a Coréia do Norte uma prioridade maior do que o Iraque para os EUA, o porta-voz da Casa Branca Ari Fleischer disse que os dois países são "prioridades importantes". "A questão é quais são os melhores meios para lidar com cada prioridade", disse.
Fleischer disse que as informações dadas ao Senado seriam antigas, mas acrescentou: "Tecnologia e tempo significam que regimes como a Coréia do Norte terão uma crescente capacidade de atingir os EUA".
Segundo ele, essa é a razão pela qual o presidente George W. Bush apóia a construção de um escudo antimísseis. "Nós temos preocupações sobre os programas de desenvolvimento de mísseis da Coréia do Norte", disse ele.

Com agências internacionais


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