São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Al Sistani não aceita esperar até 2005

Eleições diretas até 30 de junho são impraticáveis, diz missão da ONU

DA REDAÇÃO

A missão enviada pela ONU ao Iraque para avaliar a possibilidade de o país promover eleições diretas concluiu que não há tempo hábil para organizar o pleito até 30 de junho, data marcada pelos EUA para a entrega do poder a um governo interino iraquiano.
Liderados pelo aiatolá Ali al Sistani, os xiitas exigem eleições diretas para escolher o governo soberano pós-Saddam Hussein. Os EUA, que depuseram o ditador em abril e, desde então, comandam a Autoridade Provisória da Coalizão (APC), defendem que essas eleições ocorram em 2005 -até lá, um governo interino escolhido indiretamente assume.
Lakhdar Brahimi, o chefe da missão da ONU, esteve com Al Sistani, mas não chegou a um consenso sobre a data do pleito.
"Nossa opinião é a seguinte: eleições são necessárias e possíveis, mas o cronograma deve ser tratado com mais precisão", disse Brahimi após a audiência com Al Sistani. "As opiniões [da ONU e de Sistani] diferem sobre a possibilidade de realizar eleições a curto prazo, entre agora e a devolução da soberania."

30 de junho
"Todo mundo espera eleições em 2005. A questão é o que fazer até 30 de junho -se não dá para promover eleições, o que pode ser feito para instaurar um governo provisório legítimo", disse Fred Eckhard, porta-voz do secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
O Conselho de Governo Iraquiano, submetido à APC, aprovou, em novembro último, um cronograma que prevê a realização de 18 assembléias regionais para escolher os membros do governo interino que assumirá em 30 de junho. Caberia a esse governo planejar as eleições para 2005.
Até lá, dizem os EUA, o país teria tempo para promover um censo -a ditadura de Saddam não deixou registros confiáveis de eleitores- e promulgar uma nova Constituição -vem sendo usada a Carta anterior ao golpe do partido Baath (1968). A dissolução do Baath após a guerra também deixou os sunitas carentes de representação política.
Al Sistani diz que o sistema não é democrático. Como mais de 60% dos iraquianos são xiitas, é provável a eleição de um governo dessa linha muçulmana.
Os EUA aceitam sugestões à sua proposta, mas não mudam a data da transição -após perder 537 soldados desde o início da guerra, Washington vê na devolução da soberania um meio de melhorar a aceitação de sua presença militar, que deve se alongar por dois anos.
Ontem, mais dois soldados foram mortos quando uma bomba deixada em uma rua de Bagdá explodiu. Além disso, em Fallujah (oeste) -uma das cidades mais tensas do país-, insurgentes atacaram a tiros um posto da Defesa Civil iraquiana que acabara de ser visitado pelo general John Abizaid, comandante das Forças Americanas no Oriente Médio.
Abizaid não foi ferido. Não se sabe ainda se ele era o alvo.


Com agências internacionais

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