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IRAQUE OCUPADO
Al Sistani não aceita esperar até 2005
Eleições diretas até 30 de junho são impraticáveis, diz missão da ONU
DA REDAÇÃO
A missão enviada pela ONU ao
Iraque para avaliar a possibilidade de o país promover eleições diretas concluiu que não há tempo
hábil para organizar o pleito até
30 de junho, data marcada pelos
EUA para a entrega do poder a
um governo interino iraquiano.
Liderados pelo aiatolá Ali al Sistani, os xiitas exigem eleições diretas para escolher o governo soberano pós-Saddam Hussein. Os
EUA, que depuseram o ditador
em abril e, desde então, comandam a Autoridade Provisória da
Coalizão (APC), defendem que
essas eleições ocorram em 2005
-até lá, um governo interino escolhido indiretamente assume.
Lakhdar Brahimi, o chefe da
missão da ONU, esteve com Al
Sistani, mas não chegou a um
consenso sobre a data do pleito.
"Nossa opinião é a seguinte:
eleições são necessárias e possíveis, mas o cronograma deve ser
tratado com mais precisão", disse
Brahimi após a audiência com Al
Sistani. "As opiniões [da ONU e
de Sistani] diferem sobre a possibilidade de realizar eleições a curto prazo, entre agora e a devolução da soberania."
30 de junho
"Todo mundo espera eleições
em 2005. A questão é o que fazer
até 30 de junho -se não dá para
promover eleições, o que pode ser
feito para instaurar um governo
provisório legítimo", disse Fred
Eckhard, porta-voz do secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
O Conselho de Governo Iraquiano, submetido à APC, aprovou, em novembro último, um
cronograma que prevê a realização de 18 assembléias regionais
para escolher os membros do governo interino que assumirá em
30 de junho. Caberia a esse governo planejar as eleições para 2005.
Até lá, dizem os EUA, o país teria tempo para promover um censo -a ditadura de Saddam não
deixou registros confiáveis de
eleitores- e promulgar uma nova Constituição -vem sendo
usada a Carta anterior ao golpe do
partido Baath (1968). A dissolução do Baath após a guerra também deixou os sunitas carentes de
representação política.
Al Sistani diz que o sistema não
é democrático. Como mais de
60% dos iraquianos são xiitas, é
provável a eleição de um governo
dessa linha muçulmana.
Os EUA aceitam sugestões à sua
proposta, mas não mudam a data
da transição -após perder 537
soldados desde o início da guerra,
Washington vê na devolução da
soberania um meio de melhorar a
aceitação de sua presença militar,
que deve se alongar por dois anos.
Ontem, mais dois soldados foram mortos quando uma bomba
deixada em uma rua de Bagdá explodiu. Além disso, em Fallujah
(oeste) -uma das cidades mais
tensas do país-, insurgentes atacaram a tiros um posto da Defesa
Civil iraquiana que acabara de ser
visitado pelo general John Abizaid, comandante das Forças
Americanas no Oriente Médio.
Abizaid não foi ferido. Não se
sabe ainda se ele era o alvo.
Com agências internacionais
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