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Jovens cubanos acusam mídia de manipular vídeo
Universitários que criticaram regime em debate gravado reaparecem em filme oficial
Estudante nega ter sido preso após críticas, versão que circulou em Miami; jornal diz que não haverá "striptease político" na ilha
DA REDAÇÃO
Os universitários cubanos
que questionaram medidas do
regime em um vídeo que teve
ampla difusão fora de Cuba na
semana passada -e que circulou de mão em mão na ilha-
reapareceram ontem, desta vez
em filme oficial, para acusar a
imprensa internacional de distorcer suas declarações .
Entre eles está Eliécer Ávila,
estudante da Universidade de
Ciências Informáticas (UCI),
que negou ter sido preso após a
divulgação das críticas. No final
de semana, houve rumores deste teor em Havana e Miami. Um
grupo anticastrista criou até o
blog "liberdade para Eliécer".
O contravídeo com entrevistas de Ávila e outros estudantes
que estiveram em janeiro em
um debate com o presidente do
Parlamento cubano, Ricardo
Alarcón, foi publicado na página de internet do jornal estatal
"Granma". O filme do debate
nunca chegou a ser divulgado
pela imprensa oficial. Agora, o
estudante afirma que se montou, a partir dele, "toda uma
campanha para tratar de ridicularizar as questões que colocamos neste encontro".
Sobre os rumores de sua prisão, Ávila contou que deixou
Havana para visitar a família e
fazer tratamento odontológico
e que sua ausência na universidade pode ter levado colegas a
imaginar que algo "um tanto
misterioso" tinha acontecido.
"Tudo que estão dizendo é
uma mentira total. O que propusemos é para construir um
melhor socialismo, não para
destrui-lo", diz ele no vídeo de
ontem, ao lado do filho de vice-presidente Carlos Lage, também estudante da UCI.
Outro universitário, Alejandro Hernández, que fez duras
críticas ao sistema eleitoral cubano na primeira gravação, diz
ter sentido "na própria carne" a
manipulação da imprensa.
Em trechos divulgados na internet do debate de janeiro,
Ávila diz querer argumentos
para poder defender o regime
da ilha e questiona Alarcón sobre restrições ao uso da internet, sobre a disparidade entre
as duas moedas em circulação
na ilha -o peso e o peso conversível, para turismo- e os
baixos salários e sobre restrições a freqüentar hotéis ou viajar ao exterior.
Para algumas perguntas, como a sobre internet, o chefe do
Parlamentar diz não ter respostas aos estudantes.
Divulgado pela BBC, o vídeo
do debate -um raro momento
de críticas públicas em Cuba-
provocou enunciados na imprensa internacional sobre o
"desafio dos jovens" ao regime
de Fidel e, no caso da mídia de
Miami, programas de debate
com especulações sobre a
"transição" na ilha e a suposta
prisão do estudante.
O episódio reforçou a discussão sobre os limites da abertura
ao debate proposta por Raúl
Castro, irmão de Fidel no poder
desde a doença do ditador. O
sistema da ilha, com perseguição a dissidentes e só imprensa
estatal, comporta críticas e divergências, mesmo que de
apoiadores?
Análises no jornal oficial "Juventud Rebelde" no fim de semana e o contravídeo de ontem
parecem mostrar dirigentes da
ilha ainda tentando se adaptar
à proposta de Raúl.
O "Juventud" fez um tímido
mea-culpa sobre a linha editorial da imprensa cubana, que
não sabe aprofundar as "reflexões permanentes" sobre o regime. Condena, porém, críticas
que possam expor o governo:
"Que querem? Stripteases políticos como o dos ex-socialistas
europeus? Basta de bobagem,
senhores. Se o que pretendem é
que nos depreciemos em público, não conseguirão."
Com agências internacionais
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