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Tensão cresce, e Israel veda acesso palestino
Anúncio feito na terça de construções israelenses em Jerusalém Oriental provoca protestos na cidade e críticas dos EUA
Em conversa com premiê Netanyahu, Hillary Clinton disse que iniciativa é "sinal
profundamente negativo" para as relações bilaterais
DA REDAÇÃO
Palestinos e manifestantes
esquerdistas entraram ontem
em confronto com a polícia israelense em Jerusalém, em
meio a protestos contra o
anúncio, feito na terça-feira, de
construção de 1.600 casas na
parte oriental da cidade -medida que também foi alvo de
críticas da secretária de Estado
americana, Hillary Clinton.
Israel proibiu a passagem de
palestinos da Cisjordânia para
o país e para Jerusalém e aumentou a segurança ao redor
da Esplanada das Mesquitas, de
forma a prevenir choques como
os de sexta-feira passada, que
deixaram dezenas de feridos. A
proibição vale até amanhã.
Mas os confrontos ocorreram mesmo assim -ainda que
em pequena escala-, quando
os policiais prenderam oito
pessoas que protestavam contra as construções em Jerusalém Oriental, o que irritou os
demais manifestantes.
Segundo palestinos, 15 pessoas foram feridas em protesto
nas aldeias de Bil'in, Na'alim e
Dir Nizam, na Cisjordânia. Outros quatro foram detidos, acusados de atirar pedras em policiais, disse o jornal "Haaretz".
O anúncio de novas construções em Jerusalém Oriental
ofuscou a visita do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, a Israel e paralisou a proposta
americana de retomada de diálogos indiretos de paz, ao causar a desistência do lado palestino de negociar "nas circunstâncias atuais".
"Sinal negativo"
Ontem, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton,
telefonou para o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e
disse que o anúncio é "um sinal
profundamente negativo sobre
a abordagem de Israel para as
relações bilaterais", segundo
relatou o porta-voz da Chancelaria, PJ Crowley.
"A secretária disse que não
podia entender como isso [o
anúncio] aconteceu, principalmente diante do forte compromisso dos EUA com a segurança de Israel, e deixou claro que
o governo israelense precisa
demonstrar que está comprometido com esse relacionamento e com o processo de paz
não só com palavras, mas com
ações específicas", disse o porta-voz, agregando que o caso
prejudica "a confiança no processo de paz".
O governo Netanyahu havia
pedido desculpas pelo momento do anúncio -durante a visita
de Biden-, mas não pelas construções em si, que ocorrerão na
parte de Jerusalém ocupada
por Israel durante a Guerra dos
Seis Dias, em 1967, e reivindicada pelos palestinos como capital de seu futuro Estado. Ontem, um ministro disse que Israel estava revendo seus procedimentos para tentar corrigir a
falha diplomática com os EUA,
seu principal aliado.
As novas construções também foram criticadas ontem
pelo chamado Quarteto para o
Oriente Médio (EUA, Rússia,
União Europeia e ONU), cujos
representantes se reunirão em
Moscou na próxima semana
para discutir o processo de paz.
O enviado dos EUA ao Oriente Médio, George Mitchell, que
também vai à região na semana
que vem, tenta convencer o
presidente palestino, Mahmoud Abbas, a retomar o diálogo, mas este disse ontem que
"as negociações foram comprometidas pelas recentes medidas de Israel".
Com agências internacionais
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