São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Tensão cresce, e Israel veda acesso palestino

Anúncio feito na terça de construções israelenses em Jerusalém Oriental provoca protestos na cidade e críticas dos EUA

Em conversa com premiê Netanyahu, Hillary Clinton disse que iniciativa é "sinal profundamente negativo" para as relações bilaterais

DA REDAÇÃO

Palestinos e manifestantes esquerdistas entraram ontem em confronto com a polícia israelense em Jerusalém, em meio a protestos contra o anúncio, feito na terça-feira, de construção de 1.600 casas na parte oriental da cidade -medida que também foi alvo de críticas da secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
Israel proibiu a passagem de palestinos da Cisjordânia para o país e para Jerusalém e aumentou a segurança ao redor da Esplanada das Mesquitas, de forma a prevenir choques como os de sexta-feira passada, que deixaram dezenas de feridos. A proibição vale até amanhã.
Mas os confrontos ocorreram mesmo assim -ainda que em pequena escala-, quando os policiais prenderam oito pessoas que protestavam contra as construções em Jerusalém Oriental, o que irritou os demais manifestantes.
Segundo palestinos, 15 pessoas foram feridas em protesto nas aldeias de Bil'in, Na'alim e Dir Nizam, na Cisjordânia. Outros quatro foram detidos, acusados de atirar pedras em policiais, disse o jornal "Haaretz".
O anúncio de novas construções em Jerusalém Oriental ofuscou a visita do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, a Israel e paralisou a proposta americana de retomada de diálogos indiretos de paz, ao causar a desistência do lado palestino de negociar "nas circunstâncias atuais".

"Sinal negativo"
Ontem, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, telefonou para o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e disse que o anúncio é "um sinal profundamente negativo sobre a abordagem de Israel para as relações bilaterais", segundo relatou o porta-voz da Chancelaria, PJ Crowley.
"A secretária disse que não podia entender como isso [o anúncio] aconteceu, principalmente diante do forte compromisso dos EUA com a segurança de Israel, e deixou claro que o governo israelense precisa demonstrar que está comprometido com esse relacionamento e com o processo de paz não só com palavras, mas com ações específicas", disse o porta-voz, agregando que o caso prejudica "a confiança no processo de paz".
O governo Netanyahu havia pedido desculpas pelo momento do anúncio -durante a visita de Biden-, mas não pelas construções em si, que ocorrerão na parte de Jerusalém ocupada por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e reivindicada pelos palestinos como capital de seu futuro Estado. Ontem, um ministro disse que Israel estava revendo seus procedimentos para tentar corrigir a falha diplomática com os EUA, seu principal aliado.
As novas construções também foram criticadas ontem pelo chamado Quarteto para o Oriente Médio (EUA, Rússia, União Europeia e ONU), cujos representantes se reunirão em Moscou na próxima semana para discutir o processo de paz.
O enviado dos EUA ao Oriente Médio, George Mitchell, que também vai à região na semana que vem, tenta convencer o presidente palestino, Mahmoud Abbas, a retomar o diálogo, mas este disse ontem que "as negociações foram comprometidas pelas recentes medidas de Israel".


Com agências internacionais


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