São Paulo, domingo, 13 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Argentina abre hoje maratona eleitoral

Eleição em província inicia série de pleitos que pode chegar a novembro

Extensão do processo eleitoral, com votações em datas distintas, suscita debate sobre a utilidade da medida

LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES

A Argentina abre hoje seu extenso ano eleitoral, com a disputa pela governo da província de Catamarca, num processo que levará pelo menos oito meses.
Se a eleição presidencial, em 23 de outubro, avançar para um segundo turno, o eleitor argentino só terminará de votar em novembro.
O pleito de hoje será também o primeiro teste do kirchnerismo nas urnas desde a morte de seu mentor, o ex-presidente Néstor Kirchner, no fim do ano passado.
Ao contrário do Brasil, regido por uma Constituição só e com eleições simultâneas para presidente e para os governos dos Estados, na Argentina cada província tem uma legislação própria.
As regras e datas também são distintas.
Catamarca, no norte, é uma das três províncias cujo governador pode se reeleger indefinidamente: Brizuela del Moral, o atual mandatário da UCR (União Cívica Radical), tenta o terceiro mandato. Seu partido comanda Catamarca, e seus 350 mil habitantes, há 20 anos.
Sua rival é a atual senadora Lucía Corpacci, lançada numa chapa puro sangue pelo Partido Juscialista, da presidente Cristina Kirchner.
Em meio a brigas, piquetes e flagrantes de clientelismo -dos dois lados-, a eleição em Catamarca deverá ser acirrada: pesquisas divulgadas na última semana indicam empate técnico.
A maratona continua no próximo domingo, com eleição provincial em Chubut. Até as eleições presidenciais, os argentinos terão folga das urnas somente em setembro.

DESGASTE
O longo processo eleitoral, com votações em datas distintas, suscitou um debate sobre a praticidade da medida. Para muitos políticos, a eleição torna-se um fardo para o eleitor. E neste ano ainda há novidade: em agosto haverá primárias partidárias, aberta e nacional, cuja participação será obrigatória.
"Não há dúvida de que convocar os cidadãos para votar várias vezes causa um desgaste", disse à Folha o presidente da Justiça Eleitoral argentina, Alberto Della Via. "É um tema que os políticos deveriam considerar".
A separação do pleito local do nacional é uma espécie de exigência prevista na legislação de algumas províncias.
O objetivo é tentar evitar um "efeito arrastão" do presidencialismo.
Em Buenos Aires, que tem eleições previstas para junho, o prefeito Mauricio Macri, do PRO (Proposta Republicana), pré-candidato à presidência e um dos principais opositores de Cristina, tentou unificar os pleitos.
Nesta semana o assunto chegou a ser colocado em votação na Assembleia Legislativa da cidade, mas a proposta de Macri acabou derrubada por aliados do governo.
A unificação, argumentaram os deputados contrários, iria beneficiar Mauricio Macri na sua provável disputa pela Presidência.


Texto Anterior: Dominó Árabe: Confrontos matam 3 e deixam centenas de feridos no Iêmen
Próximo Texto: Argentina calendário eleitoral
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.