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BÁLCÃS
Para o montenegrino Milo Djukanovic, Sérvia e Montenegro são quase independentes, e a Iugoslávia já não existe de fato
Independência de Montenegro é inevitável, diz líder
DA REDAÇÃO
A federação iugoslava já não
existe de fato, a independência de
Montenegro é "inevitável" e a comunidade internacional deve deixar de se opor a tal perspectiva,
afirmou o presidente montenegrino, Milo Djukanovic.
"A República Federal da Iugoslávia já não existe mais, e as duas
Repúblicas que a formam, Montenegro e Sérvia, são praticamente independentes. Trata-se de formalizar a situação", disse à agência de notícias "France Presse".
Em dez dias, haverá eleições legislativas em Montenegro e, se a
atual coalizão governista obtiver
maioria, deverá convocar um referendo sobre a independência de
Montenegro até o fim de junho.
"As relações estão em seu ponto
mais baixo e é inútil mantê-las em
tal estado. É necessário mudar de
forma democrática e sem violência", afirmou o presidente.
A República Federal da Iugoslávia foi formada em 1992, após o
colapso dos regimes comunistas
da Europa, em substituição à Iugoslávia do general Josip Tito, que
governou o país entre 1945 e 1980.
Além de Sérvia e Montenegro, a
Iugoslávia incluía Eslovênia,
Croácia, Bósnia-Herzegóvina e
Macedônia, que decidiram se tornar independentes, o que ocorreu
quase sempre de forma violenta.
Em abril de 92, Sérvia (cerca de
10 milhões de habitantes) e Montenegro (cerca de 650 mil) formaram a República Federal da Iugoslávia, governada com mão-de-ferro por Slobodan Milosevic até outubro de 2000.
No poder desde 98, Djukanovic,
39, tentou se distanciar da Sérvia e
ganhar apoio da União Européia e
dos Estados Unidos para um referendo sobre sua independência.
A queda de Milosevic e a ascensão de Vojislav Kostunica, eleito
num pleito boicotado pelo governo montenegrino, aumentou a
chance de o referendo ocorrer.
Djukanovic disse que, após as
eleições, iniciará novas negociações com o governo federal, em
Belgrado, para redefinir as relações "no marco de uma união de
dois países independentes".
"Será a última possibilidade de
diálogo, e em função do resultado, os montenegrinos terão de se
pronunciar por uma aliança entre
dois países soberanos ou pela independência de Montenegro."
Djukanovic disse estar "sinceramente decepcionado" com a comunidade internacional, que,
após a chegada ao poder de Kostunica, estaria preferindo a manutenção do "status quo federal".
Ele rejeitou a idéia de que uma
eventual independência de Montenegro poderia impulsionar a independência de Kosovo: "Não é
justo. Este problema não tem nada a ver com Montenegro".
De fato, Kosovo e Montenegro
não têm o mesmo status na federação iugoslava.
Kosovo é uma Província da Sérvia de maioria albanesa que, durante o governo de Tito, teve ampla autonomia, anulada por Milosevic no final dos anos 80, o que
levou ao acirramento dos conflitos entre a maioria albanesa (separatista) e a minoria sérvia.
A escalada dos conflitos levou a
Otan (aliança militar ocidental liderada pelos EUA) a bombardear
a Iugoslávia em 98 e, desde então,
Kosovo está sob controle da Otan
e da ONU.
Já Montenegro é uma República
da Iugoslávia e, embora tenha um
peso muito menor do ponto de
vista econômico, político e populacional, tem o direito, pela Constituição, de convocar um referendo sobre sua independência.
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