São Paulo, sábado, 13 de abril de 2002

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Lula se cala em Paris; PT fala em "golpismo"

DE PARIS

DA REPORTAGEM LOCAL

O pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, se recusou a falar ontem em Paris sobre a queda do presidente venezuelano Hugo Chávez.
Lula -que visitou Chávez em Caracas em 7 de dezembro último e fez diversos elogios ao venezuelano- terminou ontem uma visita à França.
Anteontem à noite, o petista foi a estrela de um comício do primeiro-ministro Lionel Jospin, candidato do Partido Socialista (PS) a presidente nas eleições do próximo dia 21. Lula recebeu o apoio de Jospin à sua candidatura no Brasil. Estava contente e prolixo. A situação na Venezuela mergulhou o brasileiro no silêncio.
Na visita de dezembro à Venezuela, quando Chávez já enfrentava manifestações de rua contra seu governo, Lula se disse convencido de que o venezuelano "não tem nada de lunático".
"Ao contrário, ele sabe perfeitamente o que está fazendo. É um homem culto, com visão estratégica, planejamento de governo e raciocínio sistemático. Tem clareza da sua missão e quer cumpri-la dentro da democracia."
Defendeu as intenções do então presidente, mas criticou "sua impetuosidade", por não medir as consequências políticas para impor sua vontade.
Ontem, Lula evitou falar com a imprensa na casa do embaixador brasileiro Marcos de Azambuja e também não quis falar à noite com a Folha em seu hotel em Paris. O petista participou de um almoço particular com o embaixador, a convite deste.
Segundo o assessor internacional do PT Luis Favre e o assessor de imprensa Carlos Tiburcio, Lula nada falaria sobre Chávez sem antes ouvir a cúpula do partido e se informar melhor sobre os fatos.

Nota oficial
Em nota divulgada ontem, o PT lamentou o término "abrupto e forçado" do governo de Chávez. Segundo a nota, assinada pelo secretário de relações internacionais do partido, deputado Aloizio Mercadante (SP), foi implantado naquele país um sistemático processo de desestabilização do governo pela oposição.
"(A desestabilização) incluiu a propaganda antidemocrática por parte dos meios de comunicação dominados pela oligarquia local, o estímulo ao golpismo militar e o locaute empresarial", diz o texto.
Para o PT, no governo Chávez estavam depositadas as esperanças das classes menos favorecidas do país, "secularmente marginalizadas por governos conservadores e por uma das mais altas concentrações de renda do mundo".



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