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Lula se cala em Paris; PT fala em "golpismo"
DE PARIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva,
se recusou a falar ontem em Paris
sobre a queda do presidente venezuelano Hugo Chávez.
Lula -que visitou Chávez em
Caracas em 7 de dezembro último
e fez diversos elogios ao venezuelano- terminou ontem uma visita à França.
Anteontem à noite, o petista foi
a estrela de um comício do primeiro-ministro Lionel Jospin,
candidato do Partido Socialista
(PS) a presidente nas eleições do
próximo dia 21. Lula recebeu o
apoio de Jospin à sua candidatura
no Brasil. Estava contente e prolixo. A situação na Venezuela mergulhou o brasileiro no silêncio.
Na visita de dezembro à Venezuela, quando Chávez já enfrentava manifestações de rua contra
seu governo, Lula se disse convencido de que o venezuelano
"não tem nada de lunático".
"Ao contrário, ele sabe perfeitamente o que está fazendo. É um
homem culto, com visão estratégica, planejamento de governo e
raciocínio sistemático. Tem clareza da sua missão e quer cumpri-la
dentro da democracia."
Defendeu as intenções do então
presidente, mas criticou "sua impetuosidade", por não medir as
consequências políticas para impor sua vontade.
Ontem, Lula evitou falar com a
imprensa na casa do embaixador
brasileiro Marcos de Azambuja e
também não quis falar à noite
com a Folha em seu hotel em Paris. O petista participou de um almoço particular com o embaixador, a convite deste.
Segundo o assessor internacional do PT Luis Favre e o assessor
de imprensa Carlos Tiburcio, Lula
nada falaria sobre Chávez sem antes ouvir a cúpula do partido e se
informar melhor sobre os fatos.
Nota oficial
Em nota divulgada ontem, o PT
lamentou o término "abrupto e
forçado" do governo de Chávez.
Segundo a nota, assinada pelo secretário de relações internacionais do partido, deputado Aloizio
Mercadante (SP), foi implantado
naquele país um sistemático processo de desestabilização do governo pela oposição.
"(A desestabilização) incluiu a
propaganda antidemocrática por
parte dos meios de comunicação
dominados pela oligarquia local,
o estímulo ao golpismo militar e o
locaute empresarial", diz o texto.
Para o PT, no governo Chávez
estavam depositadas as esperanças das classes menos favorecidas
do país, "secularmente marginalizadas por governos conservadores e por uma das mais altas concentrações de renda do mundo".
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